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O que são Gêneros Épico, Romance e Novela? – A Jornada do Herói

E lá vamos nós a mais um post “Entendendo Assuntos Nerd e Otakus da Cultura Pop” aqui do Afonte Geek. Dessa vez vamos falar sobre três tipos de história que são muito comuns nas nossas vidas e na Cultura pop! Vamos falar sobre Épicos, Romances e Novelas!

O que são Gêneros Épico, Romance e Novela? – A Jornada do Herói

O que sao epicos Romances e Novelas

Entendendo Assuntos Nerd e Otakus da Cultura Pop

O que são Animes Shonen, Shoujo e Seinen?O que são Animes feitos de Visual Novel? Quais são os tipos de Roteiros de Animes? – O que é uma Graphic Novel? – O que são Filmes Space Opera?O que são Épicos, Romances e Novelas? – O que são Animes e Cartoons? — Como são os Desenhos (Cartoons) da Atualidade e do que eles Falam? O que é Tsundere, Yandere, Kuudere e Dandere (Moe) dos Animes?

Olá meninos e meninas deste Brasil! Dando continuidade a nossa série de posts especiais “O que é Alguma Coisa”, desta vez vamos tratar sobre três gêneros literários/ cinematográficos/ televisivos extremamente ligados ao nosso cotidiano e também a própria Cultura Pop em Geral.

Claro que esse post não tem a pretensão de definir “forevermore” os gêneros de história. Ele é mais como uma “apresentação inicial” sobre os Tipos de Histórias, para que quando o amigo/a leitor os encontrar, poder definir melhor “Qual é Qual”, além de saber um pouquinho mais do significado deles.

Vamos ao post?

O que é um Épico? – A Jornada do Herói

Cena do filme "The Odyssey" de Francis Ford Coppola
Cena do filme “The Odyssey” de Francis Ford Coppola

Pode-se dizer que esse é o grande tipo de história humana. Ele pode aparecer em Space Opera, na Grécia, Suméria, Índia e até entre os nórdicos. Os épicos fazem parte da história humana, e nós nos confundimos com eles — como se cada um de nós vivêssemos o nosso próprio épico.

Não se pode datar ao certo “Quando” surgiu a primeira epopeia, dado que temos registros de escritos da “Epopeia de Gilgamesh” datando por volta de “Século XXVII AC”, mas realmente tomando forma somente com Homero, e seus clássicos Ilíada e Odisseia — tendo a curiosidade de que no começo, os épicos serem sempre Poesias… Mas até hoje eles são sempre MUITO LONGOS.

A "Epopeia de Gilgamesh" aqui como Gilgamesh do anime Fate/ Zero
A “Epopeia de Gilgamesh” aqui Gilgamesh aparecendo no anime Fate/ Zero

E por que eles “só tomam forma com Homero?”. Porque até essa época, essas epopeias como a de Gilgamesh tinham várias versões e eram contadas de forma Oral. Homero foi lá, compilou as histórias ORAIS que circulavam entre os povos gregos e helênicos por volta de 900-800 AC, e deu assim um coro único às histórias de seu povo.

Mas os épicos estão presentes em todas as eras. Passando pelos Lusíadas de Camões, Canção dos Nibelungos (Anel dos Nibelundos… já ouviu falar?), para o mais antigo épico hindu, o Ramaiana (entre 500 a.C. a 100 a.C), chegando em histórias como Senhor dos Anéis (que entre outras inspirações, tem um pouco da Canção dos Nibelungos) e até mesmo, vejam só, Star Wars.

Temos Épicos… até no Espaço!

StarWarsEmpireStrikesBack

Enfim, você já entendeu que os Épicos são quase tão antigos quanto a humanidade né? Mas e… O que é um Épico? Épicos geralmente são centrados na figura do Herói. Pode-se dizer que eles Contam a história da Formação, Caminhada e “Chegada”/Retorno do Herói. Vamos explicar melhor.

Épicos podem ser colocados como “Jornadas do Herói” — que são o tipo de história mais comum dentre Animes, Quadrinhos, Filmes e a Cultura Pop como um todo. As Jornadas do Herói têm sempre os elementos básicos como “O herói não queria ser Herói”, que é o “Chamado do Herói”. A “Preparação do Herói”, que é como o treinamento dele, sempre ajudado por seu Mestre Sábio, ou por alguma entidade amiga que vai estender a mão.

Filme O Anel de Nibelungos
Filme O Anel de Nibelungos

Culminando na caminhada que se trata do épico em si, ou seja, das passagens, aventuras, desafios e tudo mais que o herói passa. Até finalmente, ele alcançar seu objetivo, seja ele qual for. Como regressar à Ítaca no caso da Odisseia ou jogar o Um Anel de volta nos vulcões de Mordor onde ele foi criado.

Mas não é “ser aceito no Olimpo” como no caso de Hércules, que trata um Épico. No épico o é importante é o CAMINHAR do Herói, o seu crescimento, e os desafios que ele supera a cada momento — para se tornar o “Herói do Tempo“, por exemplo. Na verdade, histórias como as de Cristo, Buda e Moisés podem se encaixar como “Jornadas do Herói” — mesmo que eu pessoalmente não considere as duas primeiras como Épicos por não serem “longas o bastante”.

E nos games, claro

Link de Legend of Zelda - O Herói do Tempo
Link do game Legend of Zelda – O Herói do Tempo

Agora que você já sabe um pouco sobre Épicos, me diga… Está pronto para começar o seu? Já sabe quem é seu Ben Kenobi que vai te ajudar na Jornada e qual é seu Objetivo na Vida?

O que são Romances?

Minisserie DOM da Globo retratando um pouco do romance Dom Casmurro
Minissérie DOM da Globo retratando um pouco do romance Dom Casmurro

Romances também são histórias humanas clássicas e datam de tempos atrás. Mas devo dizer que eles realmente começaram a tomar forma no período literário que chamamos de Romantismo. Eu podia ficar horas falando sobre ele, que também está presente na música (Beethoven por exemplo)… Vamos falar um pouco melhor do Romantismo no decorrer do texto.

Voltando… Romances SEMPRE são focados na história do CASAL. Podemos ter histórias de outros personagens ao redor, mas o que o autor vai focar é a história deles dois. Dentre suas características, um romance tem alguns passos a serem seguidos — mais ou menos como expliquei os dos épicos.

Encontro-Desencontro-Reencontro

Romeu e Julieta no seu "Encontro"
Romeu e Julieta no seu “Encontro”

No começo do Romance, SEMPRE temos o Encontro. Que é o momento mágico que ambos se amam à primeira vista. Isso você vê desde Romeu e Julieta até pasmem, Dom Casmurro. Depois do Encontro, sempre teremos o Desencontro ou Separação. A maior parte do romance vai se passar no Desencontro, seja com os dois apaixonados sofrendo para se reencontrarem, ou vivendo suas vidas em separado.

E para fechar, depois do Encontro e do Desencontro (ou Separação), o romance NECESSARIAMENTE fecha com o Reencontro. O reencontro pode ter dois finais distintos no Romantismo. Ele pode ter um Final Feliz, com finalmente os dois pombinhos ficando juntinhos para sempre.

Cena de Romeu e Julieta no seu Reencontro Trágico -- clássico do "Ultra-Romantismo"
Cena de Romeu e Julieta no seu Reencontro Trágico — clássico do “Ultra-Romantismo”

Ou um final trágico, MUITO PRESENTE em obras Ultra-Românticas, aonde um dos dois ou ambos, morrem de alguma forma trágica — ou seja, eles se reencontram, mas só ficam juntos “no além”.

Como vocês viram, Romances (focam no casal) datam desde Shakespeare passando por Machado de Assis e até mesmo o Épico Brasileiro, Grande Sertão: Veredas. Na verdade, eu tenho de dizer que o ápice da nossa literatura — na minha opinião desde Machado indo até Guimarães Rosa — passa necessariamente dentro de Romances, mesmo que Grande Sertão seja um Épico.

E o que são Novelas?

Cena da novela Lado a Lado da Globo
Cena da novela Lado a Lado da Globo

Vocês me viram explicar sobre Romances, que são histórias focadas no casal, e perceberam que a Tríade Encontro, Desencontro e Reencontro, vocês veem todo santo dia nas telenovelas né verdade? Claro que vocês têm certeza que “Então Novelas e Romances são a Mesma Coisa!”. Errado. Como eu afirmei lá em cima: Romances são focados exclusivamente no CASAL.

Novelas (como as telenovelas), pelo contrário, não são focadas somente nos dois. Elas sempre tem o que hoje nós chamamos de “núcleos de personagens”, que muitas vezes têm suas histórias próprias e nada têm a ver com os Mocinhos do enredo principal. Exemplos de Novelas clássicas na nossa literatura são Memórias de um Sargento de Milícias e “O Cortiço“. Mas eu poderia até citar aqui Amor de Perdição.

Os chamados Núcleos de personagens caracterizam as Novelas

o-cortico-aluisio-azevedo-novo-acordo-ortografic

O que define uma Novela é que ela tem diversos personagens que formam outros núcleos, muitas vezes com histórias próprias que podem se conectar ou não com a história do casal principal. E hoje, (tele)novelas bebem muito do “Romantismo” que eu dei uma palhinha quando falava sobre Romances. Só que o Romantismo não tem apenas a Tríade que expliquei (Encontro, Desencontro e Reencontro).

E o que é Romantismo?

Eurico, o Presbítero
Eurico, o Presbítero, “O Cavaleiro Negro”

O Romantismo é diferente do Realismo, da Literatura Fantástica, da Ficção Científica e do que quer que seja, porque conta histórias sempre muito poéticas, como se o mundo fosse separado por Malvadinhos e Bonzinhos… Ações que não cabem na realidade cercadas de “fantasias idílicas”, ou guerras contadas pela visão do destemido Cavaleiro Negro, como em “Eurico, o Presbítero”.

No fundo, o desejo de obras Românticas é muitas vezes nos fazer esquecer um pouco da realidade crua e difícil, sendo um alento “nessa vida dura”. Hoje raramente se encontra traços do Romantismo (datado do séc. XVII-XVIII) em boa literatura. Mas ele ainda é a fonte em todas as outras mídias — como as Telenovelas, os Filmes (Crepúsculo?!) e por ai vai.

Conclusão

Odisseus e Penelope - reencontro e retorno a itaca - Cena do filme "The Odyssey" de Francis Ford Coppola
Odisseus e Penelope – Cena do filme “The Odyssey” de Francis Ford Coppola

Para fechar o texto eu tenho certeza que se o leitor/a leu bem atento, percebeu que muitas vezes os gêneros de histórias conversam um com outro. Como por exemplo, Grande Sertão: Veredas apesar de ser um Épico, tem um pouco de romance, assim como a própria Odisseia.

Sem esquecer de que mesmo uma Novela pode não ser “Romântica“, ou seja, ela pode não ter nenhum “Romance Principal”. Como é o caso do Cortiço, cujo poucos romances que tem são contados de forma Realista. Ou que um Romance não precisa ser Romântico — como Dom Casmurro, que é um dos maiores expoentes do Realismo no Brasil e nada tem de “Romantismo“.

As boas histórias conversam entre si e conosco

Dom Casmurro - Grande expoente do Realismo no Brasil
Dom Casmurro – Grande expoente do Realismo no Brasil – e é um Romance

O fato é que esses gêneros de literatura e história conversam, se identificam ou não um com outro. Pode ser que você veja um épico sem romance algum, ou que tenha sim um “amor da vida toda”, juntinho do crescer para se tornar “O Herói do Tempo“.

Ou mesmo os Dramas: os Bons Dramas bebem dos Romances a sua Tríade (Encontro, Desencontro e Reencontro.. que pode ser Trágico, lembrem), para que no final, faça quem o estiver acompanhado chorar como um condenado/a. Dramas esses que inclusive podem ser Animes. Animes Maravilhosos devo dizer.

Clannad e Clannad After Story eu digo, mudaram minha visão de mundo
CLANNAD é um dos melhores dramas em Anime que você vai assistir

Ou seja, apesar desses gêneros fazerem parte da história da humanidade como um todo, muitas vezes bebem um do outro, tudo com o intuito de… nos emocionar, passar um bom sentido, iluminar, entreter, nos “bugar”, enfim, estar conosco de alguma forma.

Aquele Abraço!

Fontes: Wikipedia: Epopeia de Gilgamesh [Link] / Saga dos Volsungos [Link] / Homero [Link] / Ramaiana [Link] / Monomito [Link] A Jornada do Herói

O Estrangeiro de Albert Camus: O No-sense e a Indiferença do Mundo – Indicação

Finalmente estamos terminando mais uma série de indicações de literatura. E no fim, vamos falar um pouco do livro O Estrangeiro de Albert Camus. Nessa indicação abordamos um pouco de no-sense (sem sentido) e da indiferença. Boa leitura a todos!

O Estrangeiro de Albert Camus: O No-sense e a Indiferença do Mundo – Indicação

O estrangeiro Albert Camus

Mas seu AdminTB, como você conheceu O Estrangeiro de Camus? Alguém pode chegar para mim de repente e perguntar. A resposta é que como vocês sabem (ou não), eu sou professor de filosofia, então certo dia um professor de ética na federal ainda, resolveu abordar a leitura deste livro na sala de aula.

Fizemos (cada um de nós) um artigo de algumas páginas, mais ou menos uma resenha sobre ética e o livro escolhido — como vemos, abordei O Estrangeiro. OBVIAMENTE que não farei aqui uma resenha enorme e sim uma leve indicação, abordando os temas que considero mais relevantes no livro.

Mas primeiro… A Sinopse!

O estrangeiro Albert Camus 2

A estória gira em torno de Mersault. Um homem com uma vida mediana, que logo no começo do livro, enquanto ainda namorava Marie (da qual recebeu uma proposta de casamento) acabara de saber que sua mãe morreu. Mas Mersault… era diferente. Na verdade ele somente soube que sua mãe havia morrido — e assim como na proposta de casamento de Marie, tomou o ocorrido com sua costumeira indiferença.

Vou falar de três assuntos aqui nesta indicação: Indiferença, No-sense e Ética (mais precisamente, como vemos e nos damos ao encontro com o outro, se com comportamentos habituais, ou seja, com atos que todo mundo espera, ou se simplesmente, alheios a tudo).

A Indiferença

O estrangeiro Albert Camus 4Sobre a indiferença, Mersault era realmente um cara alheio. Sabe,  uma pessoa que “se algo não me afeta ou não sinto que não me afeta, então tanto faz”. Ele sempre foi assim para com tudo e todos, e nunca ligou para muita coisa. Foi com indiferença que ele recebeu a proposta de casamento, foi com ela que recebeu a noticia da morte de sua mãe.

Não quer dizer que não amasse as duas (Marie e sua mãe)… Eu de cá tenho minhas suspeitas. Mas de certo pouca coisa lhe afetava.  Aliás, somente coisas que ele percebesse na hora, sentimentos que lhe sobreviessem como de sobressalto, algo que o fizesse acordar…

No-sense (sem sentido)

O estrangeiro Albert Camus 3Foi o que acabou acontecendo. Ele foi pego num “acaso”, e diante do mesmo, ele mata um homem. A explicação que ele nos dá é: “matei por causa do sol”. No-sense. Eu abordei o assunto na Review do Anime de Suzumiya Haruhi, quando simplesmente acontecimentos sem sentido algum, sem uma razão aparente — ou discernível — nos levam a agir de forma alheia ao outro.

Se Mersault não se afetava com (quase) nada, mas simplesmente com acontecimentos que ele mesmo não poderia prever que ocorressem, como o sol que muito forte lhe ofuscou (foi no afã do momento que ele matou o homem). Acontecimentos assim ocorrem. Como matar porque se quer o lápis de volta, ou porque bateram no seu carro, e você descontroladamente (tem um revolver) o saca e atira.

Eu poderia até dizer “sem controle”, mas o termo bom mesmo é “sem sentido”. Algo que nos leva a agir por instinto, sem compreensão. Aonde simplesmente compramos certo sentimento que nos toma de sobressalto. E como eu disse por ser alheio, acaba sendo natural agir fora do habitual, fora do esperado no âmbito ético para com o outro.

A indiferença é do mundo para conosco, de nós para com o mundo

Monólogo O Estrangeiro, com atuação de Guilherme Leme e direção de Vera Holtz feito em 2012.
Monólogo O Estrangeiro, com atuação de Guilherme Leme e direção de Vera Holtz feito em 2012.

É natural que logo Mersault além de preso, fosse finalmente julgado “moralmente” pela sua indiferença. Porque não sentiu a morte da mãe, ou pelo fato de parecer realmente não amar Marie (ou até amasse, só que casar era algo que não o afetava, nem que sim, nem que não).

Era como se finalmente a sociedade acordasse de quem era Mersault e iniciasse a julgá-lo não apenas pela morte, mas por ele pouco cuidar do outro. E assim ela mesma, sem entendê-lo, sem entender suas crenças e disposições diante do mundo, tratou-o finalmente com indiferença, tornando ele, alheio, sozinho diante do mundo.

Conclusão

Albert Camus
Albert Camus

Vejo uma metáfora aí. Na verdade este acordar diante do outro (da sociedade diante de quem era Mersault) me recorda de Edward Mãos de Tesoura, quando finalmente todo mundo percebe que o Edward poderia sim, ser perigoso, fora do comum, do habitual — como Mersault agia e pensava.

Acho que é como se Camus nos falasse (peço licença aos sabedores do tema) que nós todos, somos alheios ao outro, ao nosso próximo. Nós todos não nos importamos realmente em conhecer quem é a pessoa ao nosso lado, porque simplesmente não conhecemos realmente, quem nós somos. Todos nós somos indiferentes ao outro, e sim, agimos por simples conveniência, por simples hábito — pelo que é esperado.

E quando confrontados, quando diante daquilo que não nos é habitual, nos afastamos, repudiamos simplesmente. “Pode-se dizer, que parece ser Mersault o próprio mundo, o qual quando ambos se olhando no espelho, não se compreendem, porque agem sem se compreender.”

É isso pessoal. Espero que tenham gostado e leiam o livro!
Abraços!

Grande Sertão: Veredas: Um Épico no Sertão Brasileiro – “O Sertão é do tamanho do mundo” – Indicação

E cá vamos nós para a indicação deste clássico, deste épico da literatura brasileira chamado Grande Sertão: Veredas, do genial João Guimarães Rosa. Espero que gostem do texto e que leiam essa obra magistral e filosófica!

Grande Sertão: Veredas: Um Épico no Sertão Brasileiro – “O Sertão é do tamanho do mundo” – Indicação

grande sertão veredas guimarães rosa 2Vou mentir para vocês não meus queridos amigos, é preciso uma certa dose de coragem para falar dessa obra. Isso porque estou indicando uma das melhores que já pude ler. Mas devo advertir, que vou somente dar uma pincelada e tratar um pouco do seu sentido  — como sempre, Indicar uma das melhores obras de nossa literatura.

A primeira coisa que devo contar foi que li esse romance há mais de 5 anos, então caso a memória falhe é compreensível. A segunda é que este foi um dos livros que sempre quis ler, e graças a Deus o recebi de presente de uma grande amiga minha. Agora sim…

Primeiro a Sinopse “by my memory”

grande sertão veredas guimarães rosa 3De modo geral, Grande Sertão: Veredas, é uma história literalmente contada pelo antigo jagunço Riobaldo a uma certa pessoa que chega de repente na sua fazenda. Ele começa a narrar um pouco da sua vida como jagunço, seus amores, dissabores, suas lutas e principalmente as suas percepções sobre o sertão, de que “O Sertão é do tamanho do mundo“.

Sobre as andanças dele, temos alguns personagens marcantes como o “Compadre meu Quelemém”, Joca Ramiro, Hérmogenes e principalmente Diadorim. Conta com muitas “cenas de ação”, passagens puramente de sabedoria, reflexões sobre o mundo, a existência: sobre a vivência de fato.

Sabemos então, que Grande Sertão é Riobaldo contando para nós, como foi a sua vida no sertão, como ele a vivenciou e o descobriu. Narrando a partir do fluxo de suas memórias. Atente sempre que ele fala para “quem chega na sua fazenda”: ele conta para o amigo, para aquele que se torna seu amigo com o passar das paginas: Riobaldo conversa conosco.

Vamos tratar agora de três pontos que gostaria de destacar em Grande Sertão: Veredas que considero mais importantes.

A Língua

grande sertão veredas guimarães rosa travessiaGrande Sertão começa com “NONADA” (que quer dizer “Não é nada não”). A linguagem do romance é extremamente difícil, como se fosse de um português arcaico: mais ou menos o mesmo falado no sertão de Minas-Bahia-Góias, que é aonde a história é narrada. Destaco a linguagem porque tenho certeza que não só para mim, mas como para qualquer pessoa ela é como se fosse o primeiro susto que temos ao ler o livro.

Com o tempo, e vou dizer, com persistência, vamos entendendo aos poucos o que Riobaldo nos conta, e a “língua” que ele fala. Língua que não é nada errada, pelo contrário.

Na verdade é cíclica, poética, musical. Com o passar da leitura a sua conversa vai ganhando forma na mente do leitor: ganhando melodia. Isso porque o que Riobaldo, o que Guimarães Rosa nos fala não é um livro comum, mas sim um livro…

Épico

Veredas
Veredas

Grande Sertão: Veredas é um ÉPICO. No forte sentido do termo. Cada palavra, cada situação, cada vivencia que Riobaldo nos conta — desde ele falando do céu estrelado do sertão, da existência do diabo (“O demônio na rua, no meio do redemunho.”), da dificuldade da vida, de como é difícil e perigosa vivê-la e do amor descomedido e mesmo assim escondido.

Do passar dos lugares, das explicações e sentidos profundos que pequenas coisas tomam, como por exemplo, o que são “veredas”? Como cada pessoa vivencia o mundo e a sua realidade, aonde o “Sertão: é dentro da gente”. Como sentimos cada qual, o que passamos, o que vemos, o que realizamos enquanto tal — no descobrir do mundo e no desvelar de nós mesmos.

E do Mítico

grande sertão veredas guimarães rosa 1Daquilo que não se sabe, do mistério, dos personagens que simplesmente não falam, mas aparecem para aconselhar (o Compadre Quelémem que em nenhum ponto do romance “fala”, mas é sempre citado como um sábio da doutrina de Cardeque, entendido dos espíritos). E das pessoas que marcam nossas vidas, como foi decisivo para Riobaldo admirar Joca Ramiro na condução dos Jagunços.

Lembrando, por exemplo, quando falei do uso da razão de Ulisses e o comparei com o Batman, e também da deusa Athenas que o ajudava por ser justamente racional… Mas aqui, são as reflexões de Guimarães que eu arrisco, escaparem do mítico: “Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver”.

Na verdade o mitológico, o inexpugnável, ou o simplesmente o inexprimível dentro do universal, toma total completude quando é sinceramente evidenciado e vivido por aquele que o compreende — quando se entende que a vida é um continuar difícil, de que viver é perigoso e de que amar…

…Amar às vezes é sem explicação

Diadorim...
Diadorim…

Eu lendo as reviews sobre Grande Sertão: Veredas, até para lembrar dos nomes de alguns personagens, vi que algumas tentaram “racionalizar” a obra, dividindo ela nos períodos de vida do Riobaldo e esquecendo de detalhes importantíssimos. Enquanto outras, que lembraram dos detalhes críticos mas falharam ao meu ver, por não explicarem o quão eles foram importantes.

Não vou aqui dar detalhes, mas por exemplo, Diadorim é um dos personagens mais densos, profundos e marcantes da literatura brasileira. Eu realmente queria dar spoilers… Mas digamos que ele é tão importante quanto uma Capitu. Diadorim é vivo, representativo do belo mas principalmente a sua motivação é uma vingança.

Enquanto isso, Riobaldo simplesmente trabalha como jagunço e depois de muitas lutas por ter um tiro certeiro como o de um carcará, ascende e se torna líder do bando. Daí suas reflexões mais profundas sobre a encarnação do mau (“o diabo, na rua, no meio do redemunho… “). Contudo por saber que o homem é em si este mal na aparência: quando o momento acontece e o mal se desfecha.

Mas Diadorim está lá, marcante na vida de Riobaldo mesmo que no fim o épico tenha um final digno de obras românticas — enleado a um mistério profundo que se descobre justamente, próximo do final. O clímax é a resolução do mistério, o realizar da vingança, junto ao constante descobrir de si e do (no) mundo de Riobaldo, que perpassa toda a obra.

Conclusão

grande sertão veredas guimarães rosa desenhoEu discordo dos revisores. Primeiro, Guimarães Rosa nos brinda com uma obra não apenas “não linear”. Riobaldo vai se lembrando dos fatos de forma associativa, um caso após o outro, seguindo o fluxo do seu sentimento e o redescobrir ao rememorar. Ou seja, os fatos surgem diante da importância deles, seguidos pelo entendimento e compreensão do Riobaldo.

Segundo, ele nos conta o que aconteceu na sua vida já velho. Riobaldo provavelmente não tinha a sabedoria para entender tudo o que aconteceu na hora que aconteceu — mas as suas reflexões, as de Guimarães Rosa, tomam também o corpo, profundidade e entendimento porque ele já é um sábio, um homem experiente.

grande sertão veredas guimarães rosaÉ porque ele é experiente no momento que nos conta, que vemos o descobrir da juventude, junto ao redescobrir de agora, mais velho: um entendimento filosófico e de vida presente em Grande Sertão: Veredas — Guimarães Rosa era um gênio.

Por fim, digo que é uma obra assim, que apesar de ser difícil no começo pela linguagem, vale MUITO a pena você ler. É um livro que fala de vivencia, de se descobrir na vida — uma obra de característica ontológica, filosófica mesmo. Tenho certeza que você amigo/a leitor/a vai se emocionar e aprender muito com ela — se redescobrir enquanto lê.

Um abraço e boa leitura!

Fontes:

Passeiweb [Link]
Wikipedia: [Link]

O Poço e o Pêndulo e outros Contos de Edgar Allan Poe: O Melhor do Suspense – Indicação

Então quer dizer que você gosta de contos de suspense? Pois então seja bem-vindo/a a esta indicação de alguns dos melhores contos do mestre do suspense: Edgar Allan Poe. Começando claro, com o Poço e o Pêndulo!

O Poço e o Pêndulo e outros Contos de Edgar Allan Poe: O Melhor do Suspense – Indicação

edgar alan poe o poço e o pênduloCá estamos para falar um pouco do grande escritor Edgar Allan Poe! Vou revelar a vocês que desde antes de eu fazer filosofia, que eu queria ler o conto O Poço e o Pêndulo — grande motivo por causa da música King of Terros, da banda de heavy metal Symphony X. Você pode ler uma review do álbum V: The new Mythology Suite dos caras seguindo o link.

Pois é, a música foi inspirada no conto, eu ouço metal… mas por acasos e acasos eu só vim ler o conto apenas em 2015! Ocorreu que fui comprar uma revista em quadrinhos do Chico Bento Moço para uma ex-minha, e como fiquei morrendo de vergonha… vi um compilado de contos do Edgar Allan Poe chamado “A Carta Roubada e outros histórias de crime e mistério” da editora L&PM Pocket e comprei.

A Carta Roubada e outros histórias de crime e mistério", Editora L&PM Pocket.
A Carta Roubada e outros histórias de crime e mistério”, Editora L&PM Pocket.

Torci para chegar em casa e ter o Poço e o Pêndulo — graças aos céus ele está neste compilado. Como sou um cara legal resolvi pegar 3 contos do mestre e fazer uma indicação para vosmicês. Começando claro por…

O Poço e o Pêndulo

edgar alan poe o poço e o pêndulo 2O que dizer em? Na realidade, a coisa que mais senti ao ler a maioria dos contos deste livro, é que Poe é um cara racionalista. Sim… muito racional direi mais. Falando do conto, se trata de uma pessoa que foi pega pela inquisição e que vai ser torturada até a provável morte.

Conta com passagens sensacionais, como o acordar do preso numa sala completamente escura e um poço profundo bem no meio (aonde ele tateando o lugar em meio ao breu quase caiu). As paredes são meio metálicas e lá ele fica preso por um bom tempo. Depois ele é amarrado a uma mesa enquanto ratos passam pelo seu corpo — porque ele escapa das primeiras tentativas de morte de seus algozes.

King of Terrors, Symphony X — melhor trilha sonora impossível!

Cara… o conto é um show da racionalidade humana. De como manter autocontrole, de racionalizar cada pedaço do lugar, pouco a pouco. Do que fazer a cada vez que os inquisidores mudam seus métodos de tortura.

É um verdadeiro primor do suspense — e da razão! Se você gosta de obras aonde a racionalidade se esmiúça para escapar da morte, este é o seu conto! E… será que ele escapa vivo dos inquisidores?

A Queda da casa de Usher

edgar allan poe a queda da casa de usher

Esse daqui eu digo que é tão suspense, ou até mais do que o Poço e o Pêndulo. Na verdade, a estória tem um suspense “em crescendo” bastante interessante e termina num verdadeiro assombro do impensável. Uma personagem resolve visitar um amigo de há muito, que está doente. A casa é terrivelmente sombria, dando para um lago esmo e solitário.

O tal amigo ainda vive com a irmã — ambos parecem doentes e amortalhados. Enquanto fazia a visita a irmã do amigo morre; e o tal amigo resolve colocar o caixão dela ma parte de baixo da casa, aonde tem uma porta de metal muito grosso. Ambos deixam lá a caixa fechada.

Depois de um tempo, numa noite sombria e tépida, com a chuva e ao redor. Sempre se ouvindo estampidos e sons que parecem vir de dentro e não de fora… ambos se encontram e começam a ler para tentarem esquecer daquelas macabras batidas.. quando seu amigo revela-lhe um segredo…

Final realmente inesperado não pelo segredo ou que se segue ao segredo, mas porque a alegoria da queda da casa se torna real. Suspense demais e indicação certa!

O Barril de Amontillado

edgar alan poe o barril de amontilladoEu sinceramente pensei em falar da A Carta Roubada no final, para dar uma amenizada… Ou então do conto sensacional chamado William Wilson, porque ambos representam bem o estilo racionalista, o crescendo e o final sempre em clímax que foram as principais características dos contos que li de Allan Poe até agora.

Mas como estou ouvindo ainda a King of Terrors, vou ficar com outra história de suspense e com final “assustador”. Aqui se trata de um conto de vingança. Um certo homem não aguenta mais as pilheiras de seu amigo. E em meio a festa (carnaval se bem lembro) ele resolve aprontar um ato de extrema… covardia é a palavra.

Com seu amigo bêbado da festa e as pessoas comemorando mal se dão conta que ambos, deixam o local para ir até a parte aonde ficavam os vinhos da casa — ambos tinham muito dinheiro e o vingativo levou-o citando uma desculpa de que “Alguém disse que tal vinho era melhor que o outro… Será que você sabedor que é, consegue me dizer qual o melhor?”.

edgar alan poe o barril de amontillado 2

Com este engodo, o vingativo o leva até a parte mais profunda da cripta aonde os vinhos são guardados, sempre o enganando com conversas bem pensadas para o primeiro se sentir necessário e bem quisto… quando de repente… O resto só você lendo!

Interessante citar nesta história que o herói, ou melhor dizendo, o protagonista é o amigo vingativo. Então… Você torceria por ele, para que seu plano macabro dê certo, ou para que o amigo enganado escape?

Conclusão

The Odyssey, Album que tem a música King of Terros, inspirada no Poço e o Pêndulo.
The Odyssey, Album que tem a música King of Terros, inspirada no Poço e o Pêndulo.

E aqui me despeço pessoal. Espero que curtam e que leiam os contos de Edgar Allan Poe que são ótimos exemplos de suspense, crescendo e clímax, junto sempre a uma atmosfera racional aonde aquele que melhor analisar as situações consegue se dar bem.

Abraços!

Memorial do Convento de José Saramago: Um Padre Voador, um Soldado Maneta e uma Médium – O que é Literatura Fantástica? – Indicação

Bem-vindos meus amigos a mais uma indicação de romance e boa literatura do Afontegeek. Hoje falaremos um pouco da obra Memorial do Convento, do grande José Saramago: porque literatura fantástica é sim um assombro do maravilhoso!

Memorial do Convento de José Saramago: Um Padre Voador, um Soldado Maneta e uma Médium – O que é Literatura Fantástica? – Indicação

memorial-do-convento_saramago

E cá estamos em uma das nossas já clássicas reviews/ indicações de literatura. Isso depois de alguns meses das últimas sobre Dom Casmurro (de Machado de Assim) e Senhora/ Lucíola de José de Alencar. Eu fiz uma série de quatro indicações e resolvi começar com o grande José Saramago.

A primeira vez que tive contato com obras dele foi justamente com o Memorial do Convento, e recentemente li até a metade aquela considerada o grande “grimoire” do português que já ganhou até um nobel de literatura: Evangelho segundo Jesus Cristo — não se enganem, Saramago era ateu, então não esperem nada religioso de nenhuma das duas.

Mas cá estamos. Como eu li o romance há exatos 5 (cinco) anos, isso mesmo, cinco anos, vou fazer uma breve sinopse “by my memory” e seguir aos finalmentes, porque este texto se trata de uma indicação — lembrem-se meus amigos.

Sinopse by my Memory

Convento: Palácio Nacional de Mafra (1853)
Convento: Palácio Nacional de Mafra (1853)

A estória é dividida em 3 grandes grandes núcleos. O rei e a rainha de Portugal, que no momento estão construindo um convento novinho em folha (mas Saramago mostra mesmo é a relação humana deles dois, como era viver naquela época em que se tinham percevejos na cama e que ninguém tomava banho rs);

Mostra a história da Medium Blimunda, que se bem lembro, estava escapando da inquisição (ela quase foi deportada… a inquisição na maioria das vezes deportava, lembre-se disso). Ela tem a habilidade de ver a vontade das pessoas e acaba meio que “sendo usada” pelo padre para roubá-las… Além de seu amado soldado maneta Baltasar (maneta porque ele tinha perdido uma mão, oras);

E também deste padre completamente viajado na “maionese”, o  Bartolomeu Lourenço de Gusmão (nome de um grande cientista brasileiro!) — que sonhava em voar usando experimentos alquimistas, a partir do uso da vontade das pessoas. Meio que esta é uma sinopse geral do que você vai encontrar dentro do romance.

Umas péssimas reviews por ai…

Ainda bem que ele não leu elas eu acho rs
Ainda bem que ele não leu elas eu acho rs

Para fazer esta indicação eu acabei lendo a review dela da Wikipedia sobre o romance de Saramago — porque como bem disse, são 5 anos passados desde que eu li essa obra-prima. E sinceramente? A review da Wikipedia É UMA BOSTA (o link deixo aí embaixo para quem quiser ler).

Não sei quem escreveu, não sei qual foi o método utilizado, mas houve uma ênfase muito grande nas divisões sociais e uma perda quase completa dos pontos que considero os mais importante para entender ao menos esta obra de Saramago — e na verdade, o que eu penso ser o estilo dele de escrita.

O que é Literatura Fantástica?

Lindas Nagisa e Ushio em Clannad After Story...olha eu veria esse filme
Me Julguem: Para mim animes são um exemplo sem igual de “Literatura Fantástica”!

Saramago é um autor da Literatura Fantástica. Mas AdminTB, o que é isso? Pois é usar da fantasia, de eventos extraordinários para demonstrar as possíveis ações humanas que as envolvem. Basicamente é como se fazer um mito: uma imitação de um épico, ou algum acontecimento extraordinário, e trabalhá-lo com as possíveis atitudes humanas diante do impossível, do milagroso.

Apesar de ateu (melhor dizendo, por ser ateu), Saramago tratava e parecia gostar muito de abordar o milagroso, o impossível, e interpretar o ser humano diante do imprevisível. Claro que quando acontecimentos inesperados se dão, a reação (e a busca da reação) é uma só: o riso. Saramago porque trabalha o impossível causa no leitor duas passagens filosóficas: A Ironia e o Espanto.

A Ironia e o Espanto

sociedade edward-01O Espanto porque não é sempre que se vê um milagre — e é justamente o espanto que é o primeiro despertar do pensamento. A Ironia porque sim, pensar também perpasse pelo irônico, pelo riso, pelo quase sarcástico. Na verdade, a Literatura Fantástica é além de um mito, e sim um proporcionador de espanto e ironia: ela é um “e se”, um grande e poderoso “Experimento Mental”. E se aparecer um ser com Mãos de Tesoura?

Mas por que “Experimento Mental”? Eu abordei esse tema, o “e se” no texto sobre o filme de Edward mãos de Tesoura. Porque apesar de Saramago colocar um milagre, um evento fantástico, ele não cessa de trabalhar o realismo. Sim… Saramago é um realista, um irônico caustico — daí seu estilo me lembrar tanto o de Machado de Assis.

Realismo na literatura fantástica

pagina-da-hq-dom-casmurro-baseada-na-obra-de-machado-de-assis-1338330592339_615x300Ou seja, pensemos se algo de incrível acontecer, no meio de uma realidade dura, sem romantismos, sem irrealidades. É o fantástico, o imprevisível — e portanto irônico e hilário — no meio da realidade mais simples, mais natural. Aí a leitura se torna leve, se torna cômica… porque é inesperada!

Conclusão

memorial-do-convento-capa

Então meus amigos, basicamente é isso que vocês vão encontrar em Memorial do Convento: uma ironia cômica, hilária mesmo — eu ri muito no momento central da estória — surgida ou dentro da realidade mais crua, ou vinda do impossível que se torna realidade — e das reações dos personagens diante do milagroso.

Obviamente que não apenas a ironia, mas justamente o que torna suas obras tão incríveis, é o espanto que brota de dentro dos “experimentos mentais” em meio ao realismo duro de suas obras — realismo esse que de tão cru,  pode até nos levar as lágrimas com as tristezas da vida.

Me despeço pessoal com essa ótima indicação de romance… e vou te dizer: reviews que não abordem estes temas nesta obra (ou em o Evangelho segundo Jesus Cristo) podem jogar fora, leiam essas reviews não. Bom… eu não leria!

Abraços!

Fonte: Wikipédia: [Link]

Planetarian: The Reverie of a little Planet (Review da Visual Novel) – Os sonhos que Movem a Humanidade

Aqui estamos na Review da primeira Visual Novel do Afontegeek., logo de uma obra feita pela produtora que mais admiro, a Key/ Visual Arts, autora de clássicos como Angel Beats e Clannad. Boa leitura da review da VN de Planetarian: The Reverie of a Little Planet!

planetarian 2Planetarian: The Reverie of a little Planet (Review da Visual Novel) – Os sonhos que Movem a Humanidade

Este é um daqueles textos que exemplificam bem o motivo da existência do Afontegeek: apresentar obras-primas. Hoje temos a que considero a segunda melhor obra-prima da Key, autora de clássicos como Angel Beats, Kanon e Clannad. Vamos falar da Visual Novel (ou Kinect Novel) Planetarian: O sonho de uma pequena Estrela.

Acabei reunindo opiniões de amigos/amigas sobre o que deveria colocar neste texto: foi consenso que eu deveria fazer uma Review bem abrangente. Então trago Sentido da Obra com Spoilers. Mas caso não goste de Spoilers, eles estão em Azul sendo assim basta pular quaisquer textos escritos em Azul e continuar sua leitura sem problema algum.

Lembrando que essa Visual Novel já tem um anime… na verdade são 5 OVAS e mais um filme lançados em 2016. Mas esse texto só trata da Visual Novel.

Visual ou Kinect Novel?

Não cito esse buquê na rival... para deixar a vontade de ler o livro.
Não cito esse buquê na review… para deixar a vontade de ler o livro.

Como explico no Texto sobre Visual Novel, elas são games de conquista. Mas no caso de Planterian temos uma Kinect Novel, a primeira feita e mais uma inovação da Key — que é referência para Animes e Novels. As Kinect Novel na realidade são Livros com Músicas e Imagens (Romances Multimídia aonde você lê e não “joga”). Este é o caso de Planetarian. E logo a estreia é outra obra-prima.

planetarian portugues
Planetarian FanTraduzido para o Português

Já existe uma versão Português-Brasileiro de Planetarian (na verdade Patch-Fantraduzida pela ZeroForcesTranslations) que eu também deixo o Link no fim do texto, assim como ela saiu em inglês para a Steam desde 2014. Lembrando sempre da questão dos Direitos Autorais e que NÃO fazemos Apologia à Pirataria (tanto que só deixo ai o link de path para tradução, feita de fãs para fãs).

Antes de tudo preciso dizer que esta review foi MUITO mais difícil de fazer que a de AngelBeats. Com uma das Trilhas Sonoras mais lindas que já ouvi, e um dos Character Design mais bem feitos que já vi da Key, junto músicas realmente maravilhosas.

“O que você acha do Planetário? Aquele lindo brilhar da eternidade que nunca se apaga, não importa quando… Todas as estrelas em todo o céu estão esperando por você.”

E a OST (trilha sonora) do jogo… ou enfim, da VN é fantástica. Principalmente as músicas Gentle e Song of a Starflight que são verdadeiros primores, mas infelizmente andam bem difíceis de se achar online, principalmente depois que fizeram… O ANIME, como eu já disse lá em cima. Mas mesmo assim coloco uma que encontrei e você pode ouvir ela no decorrer do texto.

Sinopse

planetarian reverie

Estamos em mundo pós-apocalípcto. Você (a estória é em primeira pessoa) é um “Lixeiro” (Junker) que fica procurando coisas que valham alguma coisa para revender ou se sentir bem, como um pouco de “água destilada” (que passarinho não bebe). Não se pode mais ver o céu. O mundo é cercado por drones (robôs com AI “descontrolada” que te atacam sem aviso).

Depois de várias guerras “nucleares” não há mais Estado. Numa dessas vaganças você acaba subindo num prédio para passar a noite. Seu amigo lhe disse para ter cuidado com os robôs que vivem nesta cidade. Esses robôs não são como os drones de combate… eles são algo que não pertence a este mundo. E lá… Você encontra a robozinha “quebrada”, que há muito espera um cliente para seu Planetário.

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A estória parece fugir de todo o alicerce de drama construído pela Key e sua principal obra-prima: Clannad e Clannad After Story (vi a versão do anime). Planetarian fica distante das obras ‘animadas’ da Key não apenas pelo tema e sim pelos ‘pés no chão’ que apresenta: sem ‘outros mundos’.

Meu paraíso

Yumemi
Aqui a estória realmente começa.

Planetarian é uma estória com diversos momentos — não vou citar todos. Contudo vou mostrar aqueles que mais me emocionaram, junto com o sentido da história (lembrando que os Spoilers estão em Azul).

A robozinha vamos descobrir que se chama Yumemi-chan e esperou lá por muito tempo, porque foi abandonada no começo da guerra. De tempos em tempos ela liga — e ela liga bem no dia que você passa no planetário dela.

Numa das conversas ela faz uma pergunta que já fez aos humanos que trabalhavam com ela no planetário: Para aonde eu vou depois de morrer? Ora pro céu dos robôs! Mas ela não queria ficar distante dos homens. Não queria ficar com o “deus dos robos”. Ela esteve tanto conosco, ajudando a cada um que passava naquele planetário… com carinho, cuidado, amor… ela queria ficar perto de todos… esperou muito até o “Cliente” (você) aparecer.

O Sonho Humano (E o céu que buscamos)

full-image.phpMas como eu disse, não havia céu naquele mundo. O Lixeiro nunca havia visto as estrelas. Ele assim como todos, haviam perdido aquele sonho mais inerente ao humano. Era a hora dele reencontrar o céu.

Quando ajudou a pequena (chata, quebrada e kawaai) Yumemi-chan a consertar a Jena — o projetor — era a chance de fazer a robozinha e ele, sorrirem — mesmo sem motivo.

“Sim, tem sido assim. Eu realmente acredito que essa ferramenta estava aqui esperando para você usar, Sr. Cliente” “… olha, só ouça o que estou dizendo!” “Sim, o que é?” rsrs – Jena (projetor)

O projetor dos céus funcionou por um tempo, mas quebrou logo. Foi uma rara chance que ele teve de relembrar a mãe. Mas o belíssimo ponto foi ele quebrando, e a Yumemi falando do mundo. Do progresso, da busca humana, do olhar para os céus, dos sonhos. Do carinho, do resguardar, da ética e qualidade humana da qual ele nunca tinha ouvido.

E daí temos já construindo alguns pontos do sentido: A esperança, os sonhos humanos, e o religar.

A saída e o Amor

Kawaai!!
Kawaai!!

Depois disso era tempo do Lixeiro sair de lá. Eu como leitor já estava apaixonado pela Yumemi-chan, mas sabia de não haver motivos para ela junto. Ele “não queria” levar ela. Ela quem quis levá-lo para protegê-lo na viagem. Emocionado com o gesto de dever e afeto, ele aceita.

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“Meu pequeno sonho”

No caminho algo foi crescendo. De uma forma interessante, não recordo dele falar que ama a Yumemi, como em Chobits.

Mas a impressão que tenho é que ele aceitou que ela viesse, porque ele começava a amar ela. No caminho, assim como no Planetário a viagem foi “estafante” porque ela era fraca, caía chuva ácida, e ela falava ‘pelos cotovelos’.

Era como trazer uma flor num mundo escuro. Ele na viagem não diz que a ama, mas não consegue mais imaginar sua vida, a vida de todos, sem a esperança e a verdade que a Yumemi traz — e o seu amigo avisara que esses robôs não eram deste mundo…

A Sacerdotisa e o Religar

Cena lindíssima
Cena lindíssima

Desde o momento em que a Yumemi o fez lembrar da sua mãe, ele no colo dela, ambos tentando olhar um céu que começava a cair chuva ácida, que sabíamos que Yumemi era nossa Sacerdotisa. Nossa “Priestess”. Ela estava lá para religar o humano ao humano, do lixeiro à esperança perdida, o devolver ao homem dos sonhos das estrelas.

Na viagem ele acaba enfrentando um drone gigantesco e pede para a Yumemi se esconder. O combate é emocionante, mas o drone vence. Com a perna ferida e quase morto, a Yumemi intercede — tenta “conversar” com o drone em vão. É morta e fica caída em meio a chuva ácida.

Esse foi o tempo perfeito que o lixeiro usa para atingir o drone com mais uma granada. Mas a Yumemi iria morrer. Aquela que ele não mais imaginava viver sem. O duro para mim não foi vê-la cair Destruída, mas foi a Yumemi contar via holograma sua vida no planetário. Como ajudava crianças, como viu o inicio da guerra, como todos a amavam e não queriam que ela ficasse para trás.

yumemi 3Neste momento eu confesso que fiquei em lágrimas. Yumemi-chan era a sacerdotisa que o religava a sua esperança, a sua humanidade, aos seus sonhos que foram perdidos. E ela sabia da guerra. Sempre soube. Sempre soube que ninguém passaria lá. Mas sempre esperou.

Conclusão e Sentido da Obra

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“Parece como uma… jovem e baixinha mulher.” Planetarian o game que não é game.

No fim eu e o lixeiro nos encontramos. No último pedido dela, ele foi o deus que tirando suas memórias, iria usá-las para mostrar à outras pessoas que há esperança, há os sonhos das estrelas nos céus. Ela não iria ficar distante de nós, no paraíso dos robôs. E continuaria sendo a nossa sacerdotisa, que religa o homem às estrelas!

Planterian como vimos é profundíssimo. Fala da ética e dever humanos que foram colocados e sobreviveram nesta pequena e última sacerdotisa (robozinha).  A última robozinha portadora das 3 leis básicas da robótica. Portadora mais do que isso: Do sentido do humano.

Ela, portanto, tomou para si o dever de religar o humano, ao humano. O dever de ligar o homem ao seus sonhos de observar e “longing for”, de buscar às estrelas.

planetarian espanholNós não vivemos sem nossos sonhos, sem nossas esperanças do céu. Sem elas somos apenas cascos vazios vagando em busca de coisas para vender, comprar ou se entorpecer no esquecer deste céu negro que cai “chuva ácida”.

Ao mesmo tempo um aviso para que não deixemos o mundo terminar assim, é um relembrar, um religar, um esperar em ato — na presença da nossa sacerdotisa, a Yumemi-chan. Uma Esperança… um sonho de uma pequena Estrela.

planetarian 1No fim? Ferido, ele desiste de lutar. Talvez tenha conseguido escapar daquela cidade levando consigo a esperança de sua sacerdotisa. Eu gosto de pensar que ele conseguiu sair e levou-a para todos que precisavam.

ps: O “amigo” do Lixeiro me lembra Meu compadre Quelemém de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Alguém muito importante mas que jamais aparece.

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Imagem dos OVAs

ps²: O fato do Lixeiro/ Cliente não ter nome é sintomático. Fato presente nas grandes obras de Literatura. No anime, talvez justamente por ser um anime (para as pessoas se identificarem mais com ele), o personagem ganha um nome:  Kuzuya.

ps³: Um fato muito interessante a se comentar, é que a Visual Novel de Planetarian foi lançada no distante ano de 2004, e durante muito tempo ninguém jamais imaginou que ela ganharia uma versão animada, e muito menos um Filme em Anime contando parte da sua continuação presente nos seus  Drama CD. planetarian 01

Sem duvida alguma o motivo desta obra-prima ter alcançado às estrelas, se deve ao seu lançamento na steam em 2014 em inglês, o que fez o publico ocidental também conhecê-la, finalmente. Um verdadeiro milagre, devo dizer.

“O que você acha do Planetário? Aquele lindo brilhar da eternidade que nunca se apaga, não importa quando… Todas as estrelas em todo o céu estão esperando por você.” (uma frase de Planetarian).

Nota: 10

Ficha da Visual Novel

Produtora-Autora: Key/ Publicador: Key/ Visual Arts/ Kinect Novel
Ano: Novembro de 2004/ Game: Visual Novel, Kinect Novel
Título Original: Planetarian – Chiisana Hoshi no Yume
(Planetarian – Dream of Little Star)
Títulos das traduções:
Planterian – The Reverie of a little planet
Planetarian – O Sonho de uma pequena Estrela

Fontes

Wikipedia [ENG]: [Link]/ Wikipedia [Pt-Br]: [Link]
Sobre Planetarian: [Link] Visual Novel Database
Sobre Kinect Novel: [Link] Visual Novel Database
ZeroForcesCentral [Site BR sobre VNs]: [Link]
Patch da Tradução Pt-Br de Planetarian [Link] ZeroForcesTranslations

O que são Animes de Visual Novel e Qual Importância da Key/ Visual Arts?

Este é um daqueles posts em que eu sempre procuro trazer aos nossos amigos e amigas. Trato dos animes que são feitos a partir de Visual Novel, e qual a importância da Key/ Visual Arts (um das maiores produtoras de Visual Novel) na História dos Animes.

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O que são Animes de Visual Novel e Qual Importância da Key/ Visual Arts?

Entendendo Assuntos Nerd e Otakus da Cultura Pop

O que são Animes Shonen, Shoujo e Seinen?O que são Animes feitos de Visual Novel? Quais são os tipos de Roteiros de Animes? – O que é uma Graphic Novel? – O que são Filmes Space Opera?O que são Épicos, Romances e Novelas? – O que são Animes e Cartoons? — Como são os Desenhos (Cartoons) da Atualidade e do que eles Falam? O que é Tsundere, Yandere, Kuudere e Dandere (Moe) dos Animes?

Olá pessoas, como estão vocês, tudo ok? Espero que tudo esteja belezinha aí viu. E como fiquei empolgado com a Review de Planterian resolvi falar o pouco que sei sobre Visual Novel que como podem ver, é o tema deste post.  Espero que curtam, porque senão… enfim.

Vamos lá!

O que são Visual Novel?

De modo geral, Visual Novel  são Games de múltipla escolha. Geralmente as VNs japonesas são de “conquistas” (de conquistar meninas ou meninos; a primeira voltada ao público masculino, a segundo ao público feminino); e você pode conquistar mais de uma personagem (o que vamos chamar de “rotas“, ou no caso dos animes, “arcos“).

Então nas VNs, você pode seguir a rota da “aluna tímida”, e depois da “aluna tsundere”, até conseguir fechar o game. O mesmo vale para as VNs voltadas ao público feminino. Quando essas VNs são adaptadas para animes, temos “arcos”. Então o personagem principal vai passar pelos arcos das meninas — mas a depender do objetivo do diretor, não quer dizer que vá conquistar todas, mas que vai passar pelos arcos das personagens.

Animes Baseados em Visual Novel

Kimi ga Nozumo Eien
Kimi ga Nozumo Eien

Fiz reviews aqui no site de diversos animes baseados em Visual Novel. Recordo de Mashiroiro Symphony (um dos haréns que mais gosto!) e do  “meu Deus como eu odeio” Kimi ga Nozumo Eien (drama). Geralmente os diretores dos animes ao portar Visuais Noveis para animações, têm um objetivo bastante claro na “passagem de mídia”, porque algumas das Visuais Novel também são Eroges…

Mas Peraí… O que são Eroges? Se você assistiu o engraçadíssimo harém Boku Wa Tomadachi, ou o chatíssimo Oreimo, tem uma noção de que Visual Novel Eroge contém cenas de “sexo” +18.

Shingo, porque não basta ser cavalheiro, tem de ser prestativo!
Mashiroiro Symphony: Shingo, porque não basta ser cavalheiro, tem de ser prestativo!

Os animes que fiz as reviews (Mashiroiro e Kimi ga) são Visual Novel Eroges, o que quer dizer que no final da conquista acontecem a cenas de sexo. Ou seja, o jogador se mata de conquistar as personagens para que aconteça a querida ceninha onanista, rs.

Mas para quem viu os animes de Mashiroiro e Kimi ga Nozumo, sabe que no primeiro não acontece cenas de sexo — apenas ceninhas ecchi e muito Moe — enquanto em Kimi ga, dão a entender que acontecem, mas sem “passarem tudo”, porque afinal de contas não são Hentais.

Por acaso faz pouco tempo que terminei um anime com muitas tretas também baseado em Visual Novel Eroge: White Album. O processo foi parecido com o de Kimi ga, só dando a entender que tem sexo.

Spoiler: A melhor de todas: Não vou dizer que é a irmãzinha, mesmo que seja ela...
Yosuga no Sora (o ecchi que as meninas também amam). Spoiler: A melhor de todas –Não vou dizer que é a irmãzinha, mesmo que seja ela…

Então o objetivo do diretor fica bastante claro quando foca o “Eroge” dos games ou não. Mas em qualquer dos casos, mostrando ou não o “sequiço”, o diretor procura manter o Sentido da Obra — como aliás ocorre quando se passam de Mangás para Animes.

Para citar um exemplo de Visual Novel Eroge, aonde a versão animada tem cenas “pornô”, eu cito o interessante e fraco Yosuga no Sora. As cenas ecchi são muito fortes, e a ideia foi mostrar o herói da história conquistar cada uma das personagens (mostrando quase tudo na hora “H”), deixando “a Melhor” para o final.

Qual a Importância das Visual Novel?

White Album: O anime das Tretas!
White Album: O anime das Tretas!

A primeira coisa que o amigo leitor deve pensar é na questão econômica. As Visual Novel passam para a versão animada se venderem bem, ou se fazerem certo sucesso com o público ou crítica. Na realidade é o mesmo processo com as Light Novel (que são como Roteiros Ilustrados) e mangás. Se vender bem, viram Anime. Se o anime vende bem, ganha novas temporadas.

Também na maioria das vezes Visuais Eroges são classificadas como “Seinen, por terem histórias mais sérias. Mas mesmo algumas que não têm as ceninhas onanistas podem ser chamadas de Seinen…

A maior das Obras-primas da Key (em minha humilde opinião). Tão bom que para mim... não é só Seinen.
Clannad: A maior das Obras-primas da Key (em minha humilde opinião). Tão bom que para mim… não é só Seinen.

Uma característica interessante das Visual Novel — eu não posso falar muito do assunto porque não joguei nenhuma, mas falei com muitas pessoas de fóruns que jogaram e também tenho um amigo que jogou uma — é que elas costumam ser longas. Imagine um tamanho de um RPG. Por ai… talvez maior.

Mas de um modo geral, a “fórmula” das Visual parece meio batida. Personagens Moe, cenas kawaai, tsundere… Parece (não posso afirmar com  certeza) que foi assim até o inicio da década de 90…

Referência da Key nos Animes e Visuais Novel

Kami Nomi faz uma Homenagem à Key no último episódio da segunda temp. se bem lembro: Como a melhor Visual Novel que o carinha jogou. A heroína lembra a Ayu de Kanon.
Kami Nomi faz uma Homenagem à Key no último episódio da segunda temp. se bem lembro: Como a melhor Visual Novel que o carinha jogou. A heroína lembra a Ayu de Kanon.

Até o aparecimento da Key! Esses games parece que não eram “tão importantes”, porque tudo é “meio bobo” mesmo. Mas a Key desde antes dela, com a Tactics (com muitos fundadores da própria Key) começou a abordar questões sérias, dramáticas, profundas e argumentos lindíssimos nas suas histórias.

A verdade é que parece que tanto as Visual Novel quanto os Animes ganharam e mudaram muito, graças a nova referência nos dramas: a Key.

Ano Hana (2011) tem muitos elementos de Little Bustes, cuja Visual Novel é de 2007.
Ano Hana (2011) tem muitos elementos de Little Bustes, cuja Visual Novel é de 2007.

Não posso dar certeza, mas não apenas em questão da Key — e ainda com a Tactics — ter iniciado o que começou a ser chamado de Crying Games (Games feitos para o jogador Chorar) mas é possível que até os Romances nas Visuais Novel tenham se aprofundado com a herança dela.

Sem falar nos animes/mangás de Drama; o anime que tiver por exemplo, “luzinhas subindo para o céu”, tem referência da Key: Ano Hana, Hentai Ouji, Ef: A tale of memories… só alguns.

Obra e graça de Jun Maeda
Angel Beats: Obra e graça de Jun Maeda

A Key é a autora de Visual Novel que viraram os seguintes Animes (obras-primas): Kanon e Kanon (2006), Clannad e Clannad After story (essa a Maior obra-prima da Key), Air Tv, Little Busters e LB Refrain. Animes: Angel Beats (com autoria do gênio e um dos fundadores da Key: Jun Maeda) e Sola (autor ex-participante da Key, escreveu Kanon). Esqueci algum?

E o que são “Crying Games” – A Fórmula da Key

One: Kagayaku Kisetsu, ou One True Stories (linda versão hentai), uma das obras da Tactics
One: Kagayaku Kisetsu, ou One True Stories (linda versão hentai), uma das obras da Tactics

Vamos ver o que a Wikipedia ING nos diz:

“Uma comédia na primeira parte, com um romance caloroso no meio, seguida por uma trágica separação e finalmente, uma emocionante reunião formam o que ficou conhecido como “Crying Games”. A ideia principal deste tipo de game é fazer o jogador “sentir” pelo personagem, e fazê-lo chorar durante os cenários mais emocionantes, que servem para deixar um grande impacto no jogador, depois que o game termina. O segundo título da Tactis, One: Kagayaku Kisetsu, foi feito baseado nessa fórmula.”

A Wikipédia vai continuar dizendo que até um autor de games de Terror utilizou essa fórmula para fazer sua obra. Ele se chama Ryukishi07, jogou os games da Key tomando-os como referência, e os analisou tentando entender o motivo deles se tornarem tão populares.

Para ele o segredo é a história começar com dias normais e mesmo felizes, mas de repente algo acontecer e fazer o jogador “chorar” com isso. Nas palavras dele: a Key é um “Masterpiece Maker“, ou uma Criadora de Obras-Primas.

Kotomi-chan...
Kotomi-chan…

Eu acrescentaria a importância simbólica, associativa, musical e psicológica encontrada em todas as obras Key que vi (versões animadas) — inclusive Planetarian. Por exemplo, tomando o arco da Kotomi (Clannad), temos símbolos apresentados no começo — o urso e o violino — a música de fundo própria da sua personalidade assustada com o “mundo lá fora”.

No fim vimos ela desde criança ligada ao violino e ao urso de pelúcia — quando seus pais antes de morrer enviam o ursinho de pelúcia com a mensagem na maleta para ela aproveitar os bons e tristes momentos da vida, porque viver é Descobrir e se Redescobrir. A ligação associativa é claríssima.

Key e Kinect Novel

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“Parece como uma… jovem e baixinha mulher.” Planetarian o game que não é game.

E inovando mais uma vez, a Key/ Visual Arts resolve lançar um novo tipo de Visual Novel. Dessa vez sem “rotas” para o jogador escolher. Não é um “game”. É um conto. O leitor só deve ler e seguir a história. Mais do que isso, Planterian inaugurou os “Romances Multimídia”, com fotos, símbolos e músicas: são as ainda raras Kinect Novels.

E é dela que eu falo na mais nova Review do Afontegeek. Como eu disse, não joguei nenhuma Visual Novel — pelo motivo de me dizerem delas serem tão longas quanto RPGs. Mas espero ter ajudado um pouco aos leitores entenderem o que elas são, a importância delas, e os motivos dos diretores em cada “porte” que fazem ao transformá-las em animes.

Planetaria: O sonho de uma pequena estrela
Planetaria: O sonho de uma pequena estrela

Para terminar, espero que apareçam mais Kinect Novels — os Livros/Contos com música e imagens. Adorei conhecer uma e seria interessante mais algumas com os elementos que citei.

ps: Todos os fãs e fontes online dizem que o maior gênio por trás da Key é um dos fundadores: Jun Maeda. Pesquisando, até algumas músicas foi ele quem fez. Eu não sei vocês, mas considero o cara um gênio!

Fontes:

Key: [Link]/ Eroges: [Link]/
White Album: [Link]/ Sobre Kinect Novel: [Link]
Visual Novel Database: [Link]/ Mashiroiro Symphony: [Link]

Senhora e Lucíola: Romances que marcaram Gerações – Indicação

Depois de falar um pouco sobre Dom Casmurro, já vos trago um texto retratando alguma coisinha sobre esses dois clássicos dentro do romantismo brasileiro. Obras que fizeram parte de várias gerações, provindas do grande José de Alencar: Senhora e Lucíola.

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Senhora e Lucíola: Romances que marcaram Gerações – Indicação

Já que estou atacando de ‘crítico de romances brasileiros‘, e como tenho alguma leitura diante desses, venho fazer mais algumas considerações sobre duas obras que de certo modo, além de construir o imaginário popular — afinal de contas, Senhora é obrigatório no ensino médio — ajudou em alguma instância a delinear o que viria a ser os romances posteriores.

Como citei no texto sobre Dom Casmurro, há uma diferença entre novela e romance, além de realismo e romantismo. Nesse caso, ambos os romances tratados — ou seja, obras focadas mais em certos personagens — são de origem romântica, bênção e obra de José de Alencar. É bem comum dizer também que as mulheres de Alencar, ou seja, “Senhora”, “Luciola” e “Diva”, meio que ‘ajudaram’ a delinear o começo do realismo no Brasil.

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Eu de cá penso que Senhora é um ótimo romance romântico, mas até o final ajuda nos dizer que José de Alencar continua, e muito, seguindo as vieses do romantismo. Realismo mesmo, ao meu ver, só com Machado de Assis.

Enfim, como esse texto não tem a pretensão de ser uma crítica, mas antes, uma motivação para você aí do outro lado ler os referidos romances, vamos tratar hoje de Lucíola e de Senhora. No caso também li Diva, mas dos três gosto muito mais de Lucíola, e como Senhora é Senhora, vá lá então. Lembrando que só vou dar uma opinião, então né?

Lucíola

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Luciola é um romance narrado pelo personagem-narrador Paulo, que conta a sua história ao encontrar a sua doce cortesã — isso mesmo, ela era prostituta. De começo ele não notou muito que era o caso, mas como sabemos uma coisa assim né?

Não vou dar muitos detalhes, mas a linda Luciola no final se mostrou uma mulher maravilhosa. Posso dizer sem sombra de dúvidas, que seu final é um dos mais lindos que vi e que mereceu, a minha ‘relida’.

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Sem dar muitas spoilers, destaco o apelo emocional que o personagem principal faz sobre seu amor, ou seja, sobre sua cortesã Luciola. Não pretendo contar o enredo do negócio todo, afinal uma sinopse com ‘rapaz se apaixona por cortesã de luxo‘ meio que já deve por si só, despertar a vontade de ler o negócio.

Lendo os textos sobre o romance eu não concordo muito com eles. De certo que a impressão que temos da Luciola, que é a mesma de Paulo, o ‘rapaz apaixonado’, é mesmo que ela é um anjo. Mas garanto que no fim essa impressão dele será validada. Recordo como hoje o sentimento que tive ao ler o final. Luciola foi um dos dramas românticos mais lindos que já pude ler.

Agora, Senhora.

senhora josé de alencar

Acho que todo mundo já teve que ler Senhora não é? De qualquer jeito, é um romance que perpassa por Aurélia — a menina pobre que fica rica por causa de uma herança — Fernando Seixas — rapaz esperto que depois casa com Aurélia porque ela ficou rica, afinal é como acertar na loteria, amar uma moça rica — e também o Lemostio, tutor da Aurélia riquinha e “vilão da história”.

De em comum com esse personagens temos o dinheiro. Uns recebem, outros querem se aproveitar, e de novo, alguém quer usar a grana para se vingar de alguém. Recordo que Lemos é pintado pelo autor com os pincéis mais ‘realistas’ possíveis, enquanto ora havia uma queda para a ‘vingança ressentida’ de Aurélia e o ‘aproveitador apaixonado arrependido’ que era Fernando.

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Meio que sem spoilers, eu já contei boa parte da história. Não vou falar mais, mas vale dizer que gosto muito do Lemos, costumo gostar dos vilões, e que de fato não gostei do final como todo mundo aí. Mas convenhamos, era uma obra romântica o final tinha que ser romântico.

De identificável nas duas obras, está o clássico das histórias românticas: Primeiro encontro, depois separação, e por fim reunião com uma reconciliação ou um final ‘infeliz’. Esse é o roteiro mais comum de obras românticas e eu garanto que você vê todo dia isso na novela que você assiste na tv.

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Rirando aquelas conversas que vemos em todo resumo sobre as duas obras — conversas de ‘denúncia social’ e esse tipo de coisa — coloco como destaque o cuidado que José de Alencar teve com as duas mulheres. Mesmo que de maneira ‘inocente’ e ‘imaginada’ há um caminho traçado para o perfil delas.

Ele se preocupa muito com suas personagens principais, dando motivações, decisões e conclusões. Acho que vemos pouco isso em ‘mulheres’ na maioria dos romances românticos.

Ambas tiveram que ser forte no decorrer da vida, decidir por si mesmas e motivadas por alguma coisa que as atingiu. Nisso ele foi muito bom, mesmo pecando, ao meu ver, aqui e ali com fantasias idílicas.

Sentido das Obras

"Essas Mulheres" -- Novela da Record que conta com esses três livros de José de Alencar: Lucíola, Diva e Senhora. Eu Confesso que gostei viu, rs.
“Essas Mulheres” — Novela da Record que fala um pouco desses três livros de José de Alencar: Lucíola, Diva e Senhora. Eu Confesso que gostei viu, rs.

De sentido da obra eu arrisco que em Lucíola temos redenção e amor completo, enquanto em Senhora temos decisão e ‘Amor de Perdição se eu for brincar um pouco e citar Camilo Castelo Branco, cuja obra já li e fiz até um texto Aqui no Afontegeek.

Para terminar indico fortemente Lucíola, o final é realmente emocionante e ela é uma personagem de mulher forte, obstinada e cândida. De Senhora, se você for como eu que adora vilões, foque no Lemos, eu mesmo achei ele excepcional.

Então é isso…
Abraços e boa Leitura!

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