Bem-vindos meus amigos a mais uma indicação de romance e boa literatura do Afontegeek. Hoje falaremos um pouco da obra Memorial do Convento, do grande José Saramago: porque literatura fantástica é sim um assombro do maravilhoso!
Memorial do Convento de José Saramago: Um Padre Voador, um Soldado Maneta e uma Médium – O que é Literatura Fantástica? – Indicação
E cá estamos em uma das nossas já clássicas reviews/ indicações de literatura. Isso depois de alguns meses das últimas sobre Dom Casmurro (de Machado de Assim) e Senhora/ Lucíola de José de Alencar. Eu fiz uma série de quatro indicações e resolvi começar com o grande José Saramago.
A primeira vez que tive contato com obras dele foi justamente com o Memorial do Convento, e recentemente li até a metade aquela considerada o grande “grimoire” do português que já ganhou até um nobel de literatura: Evangelho segundo Jesus Cristo — não se enganem, Saramago era ateu, então não esperem nada religioso de nenhuma das duas.
Mas cá estamos. Como eu li o romance há exatos 5 (cinco) anos, isso mesmo, cinco anos, vou fazer uma breve sinopse “by my memory” e seguir aos finalmentes, porque este texto se trata de uma indicação — lembrem-se meus amigos.
Sinopse by my Memory

A estória é dividida em 3 grandes grandes núcleos. O rei e a rainha de Portugal, que no momento estão construindo um convento novinho em folha (mas Saramago mostra mesmo é a relação humana deles dois, como era viver naquela época em que se tinham percevejos na cama e que ninguém tomava banho rs);
Mostra a história da Medium Blimunda, que se bem lembro, estava escapando da inquisição (ela quase foi deportada… a inquisição na maioria das vezes deportava, lembre-se disso). Ela tem a habilidade de ver a vontade das pessoas e acaba meio que “sendo usada” pelo padre para roubá-las… Além de seu amado soldado maneta Baltasar (maneta porque ele tinha perdido uma mão, oras);
E também deste padre completamente viajado na “maionese”, o Bartolomeu Lourenço de Gusmão (nome de um grande cientista brasileiro!) — que sonhava em voar usando experimentos alquimistas, a partir do uso da vontade das pessoas. Meio que esta é uma sinopse geral do que você vai encontrar dentro do romance.
Umas péssimas reviews por ai…

Para fazer esta indicação eu acabei lendo a review dela da Wikipedia sobre o romance de Saramago — porque como bem disse, são 5 anos passados desde que eu li essa obra-prima. E sinceramente? A review da Wikipedia É UMA BOSTA (o link deixo aí embaixo para quem quiser ler).
Não sei quem escreveu, não sei qual foi o método utilizado, mas houve uma ênfase muito grande nas divisões sociais e uma perda quase completa dos pontos que considero os mais importante para entender ao menos esta obra de Saramago — e na verdade, o que eu penso ser o estilo dele de escrita.
O que é Literatura Fantástica?

Saramago é um autor da Literatura Fantástica. Mas AdminTB, o que é isso? Pois é usar da fantasia, de eventos extraordinários para demonstrar as possíveis ações humanas que as envolvem. Basicamente é como se fazer um mito: uma imitação de um épico, ou algum acontecimento extraordinário, e trabalhá-lo com as possíveis atitudes humanas diante do impossível, do milagroso.
Apesar de ateu (melhor dizendo, por ser ateu), Saramago tratava e parecia gostar muito de abordar o milagroso, o impossível, e interpretar o ser humano diante do imprevisível. Claro que quando acontecimentos inesperados se dão, a reação (e a busca da reação) é uma só: o riso. Saramago porque trabalha o impossível causa no leitor duas passagens filosóficas: A Ironia e o Espanto.
A Ironia e o Espanto
O Espanto porque não é sempre que se vê um milagre — e é justamente o espanto que é o primeiro despertar do pensamento. A Ironia porque sim, pensar também perpasse pelo irônico, pelo riso, pelo quase sarcástico. Na verdade, a Literatura Fantástica é além de um mito, e sim um proporcionador de espanto e ironia: ela é um “e se”, um grande e poderoso “Experimento Mental”. E se aparecer um ser com Mãos de Tesoura?
Mas por que “Experimento Mental”? Eu abordei esse tema, o “e se” no texto sobre o filme de Edward mãos de Tesoura. Porque apesar de Saramago colocar um milagre, um evento fantástico, ele não cessa de trabalhar o realismo. Sim… Saramago é um realista, um irônico caustico — daí seu estilo me lembrar tanto o de Machado de Assis.
Realismo na literatura fantástica
Ou seja, pensemos se algo de incrível acontecer, no meio de uma realidade dura, sem romantismos, sem irrealidades. É o fantástico, o imprevisível — e portanto irônico e hilário — no meio da realidade mais simples, mais natural. Aí a leitura se torna leve, se torna cômica… porque é inesperada!
Conclusão
Então meus amigos, basicamente é isso que vocês vão encontrar em Memorial do Convento: uma ironia cômica, hilária mesmo — eu ri muito no momento central da estória — surgida ou dentro da realidade mais crua, ou vinda do impossível que se torna realidade — e das reações dos personagens diante do milagroso.
Obviamente que não apenas a ironia, mas justamente o que torna suas obras tão incríveis, é o espanto que brota de dentro dos “experimentos mentais” em meio ao realismo duro de suas obras — realismo esse que de tão cru, pode até nos levar as lágrimas com as tristezas da vida.
Me despeço pessoal com essa ótima indicação de romance… e vou te dizer: reviews que não abordem estes temas nesta obra (ou em o Evangelho segundo Jesus Cristo) podem jogar fora, leiam essas reviews não. Bom… eu não leria!
Abraços!
Fonte: Wikipédia: [Link]