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Coringa do Autor Brian Azzarello – Review: Uma HQ Caótica

Aldair não para, e como poucos por aqui sabem, ele é um fã incondicional do Batman. Aqui ele traz a review de uma das hqs (talvez a HQ) que ele mais curte sobre seu vilão preferido: Coringa de Brian Azzarello. Eu ainda não pude ler a hq, mas se tem o Azzarrello como autor e Aldair indica, com certeza vale à pena aquela lida. Vamos à review!

Coringa do Autor Brian Azzarello – Review: Uma HQ Caótica

“É o que ele era, eu acho: uma doença que infectava Gotham City…
…Uma que não tem cura.”

Com esta deixa que começamos esta analise sobre a HQ “Coringa” do autor Brian Azzarello.

Breve Sinopse

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Nesta HQ temos uma historia narrada pelo singelo “Jonny Jonny” (Jonny Frost) um marginal sem muitos feitos que decide buscar o Coringa que foi solto do Asilo Arkham por motivos de “Cura da Insanidade.” Jonny Jonny vê nisto uma possível ascensão ao topo e logo acompanharemos uma narrativa que se degrada na loucura e brutalidade a favor do “fim da piada”.

O Enredo

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Existe muitas coisas a serem fomentadas sobre o desenvolvimento do roteiro desta HQ, a mais simples delas é o desejo do Coringa em tomar o controle de Gotham que ele proclama que é sua por direito.

Temos os sonhos de grandeza de Jonny Jonny que vão se deteriorando ao decorrer da historia o que afeta a narrativa de forma gradativa; os “peões em volta do rei” que desempenham de forma “humilde” suas obrigações com a devida importância para a trama e o Batman que não participa visualmente de nada além do seu desfecho.

Porém tem uma importância, culpa e manipulação (ou vice e versa) das ações do antagonista. Digamos que uns 100%, irei explicar isso mais tarde.

Os Peões

Apesar de Jonny Jonny ser um peão não falarei dele aqui, o próprio merece um tópico só pra ele então por hora me dedicarei aos demais com maior relevância.

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Crocodilo: Fiel capanga que conhece um pouco como funciona a mente do coringa e joga o jogo do próprio de acordo com suas regras demonstrando que apesar da truculência e barbárie ele não é nem um pouco burro.

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Pinguim: Apesar de forçado a cooperar este se mostra hábil e útil o que o torna um sobrevivente adaptado a qualquer circunstância.

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“O Tira”: Peça fundamental na queda de Jonny Jonny. Ele é a representação sarcástica e corrupta da justiça, e personificando como uma piada de mau gosto. Apesar do seu desfecho trágico e merecido, seu valor não pode ser negado.

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Duas Caras: Era pra ser um “vilão” porém sua natureza “frágil” só o faz uma peça que esta no enredo para forçar o final, que vai ocorrer com ou sem ele. Por isso de vilão ele decai pra mero peão e sendo o mais fraco entre os demais.

Violência

Coringa faz com que sua violência e brutalidade seja dividida em aspectos distintos e irei explica-los agora.

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Persuasão: Para conseguir capital financeiro nosso vilão dá um show de performance sendo objetivo, curto e grosso, conseguindo fundo para investimento de forma segura e altamente persuasiva.

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Vingança e Autonegação: Consiste na pura demonstração de poder, arrogância e imprevisibilidade. O Coringa não aceita um não nem tampouco traição.

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Guerra: Para provar que não esta para brincadeira a matança se torna a ordem marcial e quem não atende ligações acaba por arcar com a chuva de sangue em seu quintal.

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Caos: Reinando soberano mostrando que o controle (ou cura como é proposto no âmago do enredo) precisa se tornar vigente pois o inferno esta na terra.

Jonny Jonny

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Sua narrativa começa bem, nos apresentando um sonhador que quase tem seus desejos realizados mas logo a insanidade do antagonista se torna maior que tudo, fazendo-o um mero espectador relatando sua jornada.

Seu casamento e família que guarda em segredo será peça chave de uma manipulação que será sua sina, o que lhe renderá um desfecho humilhante. Sua lealdade ao palhaço será inútil devido sua falta de percepção perante a “doença” que o consome. Seu ego o cegará por tantas vezes que o colocará em perigo, sua crença que faz parte de algo e que é “alguém” quando na verdade ele não é nada tornará seu final cada vez mais previsível. E por fim sua teimosia em tentar entender o diabo o fará cair no inferno. Tudo isso é demonstrado
em suas mudanças de tom na narrativa.

Batman

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Apesar de só aparecer no final da HQ o próprio é mencionado pelo Coringa várias vezes deixando a sensação óbvia que o “herói” sabe e vê tudo o que acontece e pior, ele deixa que aconteça. Mas porque não? Só é escoria que esta morrendo não é mesmo? Errado!

Há civis sendo ameaçados e mortos e não há justiça para isso, fazendo do herói morcego um cúmplice e incentivador do caos de seu rival (talvez se morresse um Robin ele interviesse mais cedo… brincadeirinha).

Conclusão

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Poderia falar da arte que esta foda ou do dialogo e da narrativa que estão do caral*o (um desses diálogos esta no começo da analise) mas em volta de tanto spoilers eu espero que possa ter atiçado a sua curiosidade para ler a obra caso ainda não tenha lido.

Até a próxima!

Batman Ninja – Morcego em sua versão Kawai pra Carai Desu

Primeira analise que faço sobre uma animação e ainda escolhi falar de uma recente do morcegão, a Batman Ninja! É pra comemorar com uma taça de vinho e alguns amendoins. Piadas ruins à parte vamos começar esta resenha logo de uma vez.

Batman Ninja – Morcego em sua versão Kawai pra Carai Desu

Esta animação tem um traço impecável, o que me impressionou bastante, por muitas vezes fiquei admirando a sua arte. Mas nem tudo são flores. O Batman tá com um ultra queixo (*rubro) que me incomodou bastante, não consegui achar coerente e esta é uma das características mais marcante do herói, porém exageram na dose dessa vez.

Outro detalhe que desta vez me deixou em cima do muro em vez de literalmente incomodado foi a cativante Mulher Gato com sua exuberante beleza que continua intacta, só que eu não a reconheci como a Selina que estou acostumado (me refiro as HQ e animações que vi) apesar de muitos dos personagens também estarem com adaptações asiáticas, a dela pra mim foi a mais significativa e que mostrou mais mudanças.

Tem muitas referencias do Batman clássico até o atual mescladas: é claro, com cenas e acontecimentos clássicos das obras asiáticas, algumas são divertidas outras são legais mais algumas são um tanto quanto incompatíveis e acredito eu pra cativar o público nipônico ou para fãs do gênero anime.

O enredo e como um roteiro de uma HQ solo do Batman que você considera com a classificação “OK” porque tem aquela mistura de altos e baixos que o equilibra em uma nota não muito em cima da média.

Suas lutas são incríveis e o velho clichê de rivalidade do Batman com o Coringa se mantém presente apesar de ser um tanto quanto fraco nesta obra. Os demais vilões e mocinhos desempenham papeis secundários sem muito ou nenhum destaque dando um foco embaçado pra Mulher Gato e Arlequina e o principal para os eternos rivais.

Até o Gorila Grodd que deveria ter um destaque por sua natureza na trama principal é deixado de lado (ele participa mas efetivamente que os demais vilões só que se for analisar poderia ter sido melhor).

Por conta do uso destes clichês, mesclar cultura “Asian” com o que conhecemos do Batman eu posso concluir dizendo que é uma animação que vale à pena assistir se encantando com a arte mas não tendo a mesma admiração pelo enredo e desenvolvimento e se satisfazendo com a ação rendendo uma boa diversão (Formula Marvel… tô brincando) descompromissada finalizando com uma nota 6.5. Espero que tenham gostado e até a próxima.

Guerra Civil HQ – Review: Fórmula de Menos Roteiro e Mais Porrada

Aqui nosso querido e bom amigo Aldair se encheu de coragem para fazer uma review da HQ Guerra Civil… mas lembrem-se hq e não o filme. A gente sempre vê todo mundo falando bem demais dela… mas essa hq é tudo isso mesmo? É o que a gente vai descobrir no texto.

Guerra Civil HQ – Review: Fórmula de Menos Roteiro e Mais Porrada

Esse vai ser meu texto mais complicado ou será que não?! Enfim vou deixar de lenga, lenga e adiantar minha análise sobre esta “fantástica” HQ. Ah sim… com muitos spoilers. Bora lá.

Roteiro

Serei breve: o roteiro nos apresenta um ideal governamental “fascista” que admito ter me fascinado porém, a perda de controle do Capitão América para tal ideal já deu uma esfriada nos ânimos por ser deliberadamente exagerada. Mal sabia eu que essas situações aconteceriam durante toda a leitura.

Os Heróis saem na porrada como se fosse algo natural lembrando aquelas velhas rixas de guris, claro, maquiado pelo roteiro principal que foi completamente mal aproveitado ou talvez apenas pra ter um propósito que justifique a porradaria sem sentido.

A Brutalidade contida nos atos de violência são uma piada de mal gosto. Porque falo isso? Simples! Pare e pense: os vilões que aparecem são geralmente mortos pelo Justiceiro; os que atacam o Homem Aranha também são fatalizados só que são vilões medíocres e desconhecidos, traduzindo da melhor forma: são sem um mínimo de relevância, o nome disso é *laranjada (*gíria baiana).

Mortes sem Sentido nenhum

Um Hero Também acaba morrendo durante as muitas lutas que ocorrem e tem o mesmo significado dos vilões, quer dizer nenhum! Sua morte tá ali pra “encher linguiça”.

E a Arte?

O Traçado tem varias baixas dando prioridade a faces de muitos personagens (dos principais até figurantes) que chega a ser grotesco. Os Heroes ficam com um visual grosseiro e altamente bizarro, poucos se salvam. Pelo menos pra mim não agradou nem um pouco.

Mas e então, presta?

O Plot principal do roteiro é sólido e maduro, propondo um futuro grandioso durante a leitura. Só que o que é entregue na verdade é um desenvolvimento banal, medíocre e ocioso.

Poderia ser algo tão maravilhoso de teor adulto e de suprema inteligência com situações dramáticas, intenso a medida que o próprio roteiro fosse se aprofundando e renderia um clímax angustiante mas ele se resume em um Street Fighter entre Heróis com a história principal perdida bem o fundo (bem lá no fundo) e com 99% de concentração em porradaria desvairada e nonsense.

Conclusão – Mortes e Pontapés

Para concluir, há algo debatido durante o desenrolar da trama, além dos socos, pontapés e ofensas entre os “salvadores da pátria” que é o trabalho e importância dos Super Heróis para o planeta e a sociedade. Poderia ser um elogio em meio a tantas reclamações que eu estou fazendo (bem que eu queria mas não é).

Mas a “cereja do bolo” é quando se chega ao final e o Capitão se dá conta que tudo que fez foi causar mortes e destruição eu lhe afirmo que é o cumulo da ignorância e obviedade que desde as primeiras páginas estava exposto, sendo assim a HQ dá seu golpe final demonstrando que foi total perda de tempo.

Se tu gosta gosta de HQ que o foco é luta sem sentido da forma mais primitiva possível, parabéns, Guerra Civil foi feita sobre medida pra você.

Desenhos Animados de Hoje: Como são e quais Assuntos falam?

Sejam bem vindos meus bons amigos a mais um texto da série aonde eu explico assuntos da Cultura Pop para vocês. Dessa vez vou explicar um pouco os desenhos da atualidade — quais os principais temas que eles tratam! Boa leitura!

Desenhos Animados de Hoje: Como são e quais Assuntos falam?

Como são os Desenhos (Cartoons) da Atualidade e Quais Assuntos eles Falam wall

Entendendo Assuntos Nerd e Otakus da Cultura Pop

O que são Animes Shonen, Shoujo e Seinen?O que são Animes feitos de Visual Novel? Quais são os tipos de Roteiros de Animes? – O que é uma Graphic Novel? – O que são Filmes Space Opera?O que são Épicos, Romances e Novelas? – O que são Animes e Cartoons? — Como são os Desenhos (Cartoons) da Atualidade e do que eles Falam? O que é Tsundere, Yandere, Kuudere e Dandere (Moe) dos Animes?

Bem-vindos a mais um texto da série “Entendendo Assuntos Nerds e Otakus”, como o “O que é Tsundere, Yandere, Kuudere e Dandere (Moe) dos Animes?“. No texto de hoje explico os temas mais comuns dos desenhos de hoje, como “no-sense”, “psicodélico” e “desenhos que falam de meus sentimentos”.

No Top 5 Desenhos da Atualidade (eu já dei dicas), sendo que nele o primeiro da lista é Hora de Aventura. A verdade é que “Adventure Time” é um verdadeiro marco para as animações ocidentais que até aquele momento eram em sua maioria bobas, tinham uma arte “igual” entre si, e quando não eram humor “no-sense” (como Bob Esponja) pendiam para o Épico — mas sem sangue, por causa da censura.

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Na verdade os épicos ganharam até bordão com o Ben 10, quando ele gritava “É hora de virar herói”. Aqueles eram momentos negros que só eram amenizados com “luzes” na escuridão como Avatar: A Lenda de Aang. Mas antes que alguém me pergunte, vou explicar um pouco os termos que utilizo porque acredito que eles explicam muito bem os temas dos desenhos da atualidade.

No-sense – O que é sem sentido?

Uma praia dentro d'água - no sense
Uma praia dentro do mar – no sense

Desde Bob Esponja que o no-sense virou característica básica em desenhos de comédia. Coisas bobas como “acender uma chapa no fundo do mar” viraram tão comuns, que a presença do no-sense e do absurdo passaram a ser viés de regra para as animações de Hoje aqui no ocidente.

Eu explico isso também seguindo o link, mas acredito que a maioria de nós está totalmente habituada em ver esse tipo de no-sense nos desenhos — desde que eles tenham alguma lógica. Mas atualmente os desenhos mais do que absurdo e no-sene, eles são…

Psicodélicos (Literalmente)

"Tigresa voadora surreal" kk
“Tigresa voadora surreal” do Titio Avô kk

Os animadores andam fumando o que hoje em dia? Eu não sei se sou só eu, mas alguns episódios de Hora da Aventura, Titio Avô e uma penca de desenhos novos, além de terem uma palheta de cores multicolorida são psicodélicos. Falo isso porque no-sense (sem sentido) é além de coisas absurdas como uma esponja falante ou um coelho que pergunta “O que é que há velhinho?”. No-sense é o agir “sem saber porque age”, como explico no texto d’O Estrangeiro.

Só que muitas vezes os desenhos hoje, ao menos para mim, simplesmente não têm sentido. Finais que nada condizem com a história apresentada, ou simplesmente 11 minutos de nenhuma-coisa-ligada-com-a-outra. A verdade que o no-sense deixou de ser um “cair no absurdo” para muitas vezes não ter lógica alguma.

Mas há coisas boas também

Uma Maior Presença Feminina – A Mulher Maravilha Agradece!

Fortes mesmo? Só elas em Steven Universo
Fortes mesmo? Só elas em Steven Universo

Essa foi a grande vitória na minha opinião. Hoje há uma presença muito maior das mulheres (personagens femininas) tanto em desenhos de humor quanto em animações como Hora de Aventura e Steven Universo. As mulheres deixaram de ser suporte, ou “princesas que precisam ser salvas” para se tornarem as protagonistas dos desenhos.

Em Steven Universo por exemplo, as mulheres é que tem realmente os poderes por serem as Gems (mesmo que a autora diga que não são mulheres, todas são) e na Hora de Aventura as princesas em sua maioria tem seus poderes e muitas vezes resolvem seus problemas sem a ajuda do Finn — ou de mais ninguém.

A jujuba é uma gênia!
A jujuba é uma gênia “do mal”!

Temos uma princesa cientista (meio malvada), uma vampira — o autor recentemente disse que elas já foram namoradas em Hora de Aventura — assim como a mãe do Steven, a Rose, que era a grande General que liderou as Gems contra o ataque das “Gems do mal” para defender a Terra. E agora a Garnet — que é uma fusão de duas Gems mais fracas que se amam.

Isso sem contar outras animações como Star vs. As Forças do Mal, aonde a Star é quem é realmente poderosa e Star Wars: Rebels que a aprendiz de Anakin voltou por um breve período — agora como mestra Jedi para enfrentar Darth Vader.

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Star de “Star vs as Forças do Mal”

Isso demonstra que as personagens femininas vieram para reclamar seu lugar ao sol nos cartoons — e vamos combinar, Steven Universo que é um desenho predominantemente feminino foi o que mais ganhou. E eu só posso dizer ATÉ QUE ENFIM OCIDENTE!!!

“Falando de meus Sentimentos” – A Psicologia nos Desenhos Animados

O MITO
O MITO

Essa para mim foi a grande mudança com os desenhos (cartoons) clássicos. Hoje praticamente todos os desenhos exploram uma carga de drama maior do que há alguns anos atrás. Não só o mestre Splinter nas novas Tartarugas Ninja ou a história do Steven Universo, mas hoje até “vilões” como o Rei Gelado da Hora de Aventura têm seus drama pessoais.

Esse “falar dos meus sentimentos” foi a grande virada nos desenhos, que deixaram de ser Jornadas do Herói aonde os heróis escondem seus sentimentos para enfrentar o mal. Um exemplo para deixar isso claro é o momento aonde Steven resolve que não vai contar a Connie que enfrentou aliens. Ele decide que não ia dizer a ela que as Gems malvadas (elas são aliens) queriam matar ele e destruir o mundo.

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Steven e Connie — AHAMMM kk

Basicamente ele tinha de ser forte, para não deixar a “namoradinha” correr riscos. Mas ele… não conseguiu segurar. Como esconder algo dela? Steven todo choroso contou tudo aos prantos e no desespero próprios de uma criança, ao que ela responde “Eu tenho o direito de escolher enfrentar isso com você ou não, Steven”.

Lembra o Peter Parker que demorou a vida inteira para contar a Mary Jane que ele era o Homem Aranha, porque tinha medo que ela morresse (como ocorreu com a Gwen). Ou mesmo o Batman com a Mulher Gato que somente há pouco tempo resolveu contar à Selina sua identidade secreta.

Ruby e Sapphire se amam e são as gems que formam a Garnet
Ruby e Sapphire se amam e são as gems que formam a Garnet

Essa mudança para um caráter mais psicológico que tenta mostrar às crianças que “falando dos seus problemas você pode resolver as coisas com mais facilidade” foi o jeito, na minha opinião, que os animadores ocidentais encontraram para “burlar” a censura que eles sofrem, por não poderem mostrar sangue ou mortes dentro de suas obras — o que diverge completamente da liberdade japonesa.

Desta forma, para dar uma carga mais dramática e mais densa às suas animações, eles deram um tom mais psicológico por conta da censura do sangue ser proibido, falando assim dos sentimentos das crianças e também mostrando o amor homossexual de forma bela e sem medo.

O lado Ruim disso Tudo – Nem sempre só conversar Resolve

Você não percebe, mas esta é uma cena de sacrífcio
Você não percebe, mas esta é uma cena de sacrifício

A coisa ruim dos desenhos hoje serem mais “sentimentais” é justamente o lado oposto. Por não serem Épicos — e não sentirem a necessidade de serem — eles não tocam mais em temas de valor ético, como sermos fortes quando é preciso. Afinal, há momentos que temos de aguentar o sofrimento e entendermos que ele faz parte da vida.

Não há mais o problema de “temos de ajudar o outro mesmo que morramos para isso” — o sacrifício. O sacrifício é tratado à distância — quase sem dor. Como se apenas o “amor” existisse, e morrer por amor fosse “lindo”.

Pobre rei gelado...
Pobre rei gelado…

Em outras palavras, os desenhos de hoje parecem esconder a dor, o sofrimento e que há maldades genuínas e pessoas genuinamente más no mundo. E esses desenhos estão escondendo isso das crianças. Como não há necessidade de estarmos atentos ao mal nos desenhos, de que há pessoas realmente ruins, tudo fica muito bobo ou cai para o drama no intuito de evitar mostrar que há sim maldades verdadeiras.

Um tema comum a isso é o próprio Rei Gelado de Hora da Aventura. Ele deveria ser o vilão. Você deveria entender os argumentos que o motivam a ser ruim — como Magneto ou Darth Vader te fazem entender — mas na verdade ele Não é Mal. Ele é simplesmente… carente. Alguém que por não lembrar do passado, não sabe o que causa a sua eterna carência. O Rei Gelado é digno de pena — e se trata do mais profundo dos personagens no desenho.

Jasper só aparece longos 2 episódios
Jasper e suas curtas aparições

Esconde-se das crianças o sofrimento e de que o mundo é um lugar que há dor e de que há pessoas más — assim como a “vilã” de Steven Universo que foi presa no mar e aparece muito pouco no desenho, ou o Lich de Hora da Aventura que você precisa procurar muito para ver um episódio com ele.

E escondendo essa dor que o sofrer verdadeiro nos causa, mostrando no seu lugar que o ponto de partida para superarmos qualquer mal que a vida nos impõe é “falando de nossos sentimentos”, esses desenhos acabam caindo no drama.

O Lich -- Raríssimo de aparecer... morreu ou não?
O Lich — Raríssimo de aparecer… morreu ou não?

Esse drama que é capaz de fazer os mais sensíveis chorarem — eu sempre choro com Steven Universo kk — acaba escondendo o fato de que para vencer um trauma pessoal, você precisa ser forte.

Por esconder as dores, esconder que pessoas podem te fazer mal, e de que há dor real na nossa vida, os desenhos de hoje esquecem de ensinar às crianças que diante dessas coisas, elas precisam ser fortes. Respirar fundo, aguentar, sentir a dor, vivencia-la para superá-la. Como um herói ou uma heroína.

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Hummmm queria que o mundo fosse assim…

Assim, por não mostrar a maldade do mundo ou os “vilões”, a dor e o sofrimento, caindo num drama que diz que “conversando se resolve tudo”, os desenhos mascaram das crianças o lado ruim da realidade. E sabemos que isso é falso. Resumindo: Muitas vezes só conversar não resolve.

Conclusão – Precisamos de Vilões nos Desenhos!

hora de aventuraEspero que tenham gostado do texto e que eu tenha explicado bem os temas mais presentes nos desenhos de hoje. Destes eu realmente gosto de ver uma maior presença feminina e da maior carga de drama e profundidade dos personagens — já que não dá pra ter sangue, né?

Mas confesso que não gosto desse psicodelismo — desse falta de lógica que eles apresentam às vezes. Agora o que mais preocupa é o não mostrar a maldade. O mundo também é malvado e às vezes só conversar não resolve — você não conversa com um ladrão e tenta fazer ele entender que pode arranjar um emprego.

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Mascarar essa realidade das crianças por não ter vilões genuínos (ou tirá-los de cena rapidamente) me preocupa — assim como dizer que se sacrificar “nem dói”. O caso é que Os desenhos PRECISAM de Vilões porque o Mundo Real é cheio deles.

É isso, espero que tenham gostado.
Aquele abraço a todos!

Batman Ano Um – Critica da HQ: O Nascimento do Morcego – o Medo e as Motivações

Olá amigos and amigas fãs de HQs, Graphic Novels e todas essas  obras que tanto amamos. Depois de falar de V de Vingança e da A Piada Mortal é finalmente chegada a hora da critica de Batman: Ano Um, escrita por um dos autores que mais admiro: Frank Miller. Espero que gostem!

Batman Ano Um – Critica da HQ: O Nascimento do Morcego – o Medo e as Motivações

01 BATMAN Ano1 wallSejam bem-vindos a mais uma critica de HQ do Afonte Geek senhoras e senhores. Depois das resenhas d’A Piada Mortal e de V de Vingança, é chegada a hora de falarmos um pouco do autor de graphic novels/ HQs que sou um eterno fã. É hora de falar de uma das obras de Frank Miller, de Batman: Ano Um.

Essa HQ na verdade foi lançada dentro da revista do Batman (entre os capítulos 404 a 407) no distante ano de 1987, escrita pelo gênio Frank Miller que é simplesmente o autor de Cavaleiro das Trevas — lançada exatamente um ano antes. Fica a curiosidades de que em algumas obras (como a própria Dark Knight) Frank Miller se torna um “mangaká”, como diria os fãs de mangás, e faz tanto a história quanto a arte. Mas em Ano Um ele deixou a arte a cargo de David Mazzucchelli — que mandou muito bem.

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Batman quebrando arvores velhas e colunas em péssimo estado

Nesta critica vamos tratar dos assuntos: Nascer do Morcego – uma História de Gordon; Os seres humanos por trás das Capas, O que nos Motiva a Agir e Animação Melhor que HQ?

Vamos ao post!

Nascer do Morcego – uma História de Gordon

Uma das referências que Batman Begins fez A Batman: Ano Um
Uma das referências que Batman Begins fez a Ano Um — Clique para Ampliar

Antes de começar, devo dizer que no decorrer do post vocês vão encontrar referências que outras obras da Cultura Pop fizeram à Ano Um nas imagens. Referências que aparecem no filme Batman Begins de Nolan por exemplo.

Dito isso, quem leu Ano Um ou viu a Animação que vou também falar um pouco, nota de cara, que a história fala também sobre o Comissário Gordon — que na época nem comissário era. Essa referência ao Gordon eu diria que foi a grande motivação por trás da série Gotham e inclusive o próprio começo dele também em Batman Begins.

James Gordon

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E porque a história do Batman fala tão fortemente do Gordon? Simples. Frank Miller é um autor que trata de dramas humanos, de problemas de pessoas comuns, como eu e você. Coisas do nosso dia a dia, que tomam suas proporções para aqueles que a vivenciam.

Como Gordon que (provavelmente) depois de se envolver com algum problema da corregedoria na antiga delegacia — talvez por “dedurar” policias? — acabou indo parar no inferno (Gotham) e pedia a Deus para que sua esposa Barbara NÃO estivesse grávida.

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Clique na Imagem para Ampliar

Como criar uma criança num lugar que a polícia é tão corrupta (ou até mais) quanto aqueles que deveria prender? Aonde psicopatas atuam na SWAT e num lugar que policias dão uma “lição” no novato por ele não se “encaixar”, lembrando a ele de que tem uma esposa grávida. Como viver nesse lugar?

Bruce? Não. Batman

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Do outro lado… Bruce voltando de anos de reclusão (dezoito para ser preciso) após seu árduo treinamento para enfrentar o “inimigo”. E aqui vale citar coisas “que não são ditas“. Bruce é um homem que para enfrentar seu trauma, PRECISA ser Batman. Em outras palavras, Bruce morreu no dia em que seus pais morreram e Batman Nasceu exatamente na hora que seu Pai “fez” um morcego atravessar as janelas de sua mansão, enquanto ele pensava que a vida, perdera sentido.

Porque é importante falar disso? Porque muitas pessoas superam traumas viajando… ou o tempo passa e nós esquecemos. Algumas constroem outra família e outras apenas seguem vivendo. Para Bruce a coisa não foi assim. A vida se esvaziou no dia fatídico — e só ganhou sentido novamente, quando o morcego lhe apareceu como uma sombra de seu passado… do seu Pai que ainda morto, nunca lhe deixou de dar presentes.

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Nesta cena a Animação de “Batman Ano: Um” dá um Baile e é muito melhor de ver animado

Batman é um louco que para superar seu trauma, se tornou Batman. Bruce Wayne é uma máscara. Bruce é sua identidade secreta que esconde um homem convicto de que a injustiça nunca dorme — e que ele precisa fazer justiça a cada noite (sempre à noite) para superar a dor que lhe aflige todos os dias.

Dando assim sentido à sua vida e dando sentido à vida dos que lhe cercam. Isso é ser humano meus amigos/as — e tanto Jim quanto Bruce são pessoas como eu e você.

Os seres Humanos por trás das Capas

Sarah e Gordon -- Heróis... humanos. Também Erram
Sarah e Gordon — Heróis… humanos. Também Erram

A HQ então nos mostra os pesos dos lados de cada um, tanto de Gordon quanto de Batman. De Jim tendo de constituir família, de não resistir e que acaba traindo a sua esposa grávida com uma mulher linda e inteligente — e tendo a coragem de confessar e tentar continuar seu casamento. Mas sempre com medo de criar seu filho nessa imundice…

E de Bruce que finalmente consegue voltar à vida SENDO Batman — exagerando no primeiro encontro como o inimigo; salvando policiais que atiraram nele desarmado sem pensar duas vezes; de dar sorte de principiante e mostrando aos criminosos da cidade que ela não é sua, que a vida das pessoas não é apenas “lixo” que pode ser queimada, porque afinal, quem vai reclamar se todos estiverem mortos?

01 BATMAN Ano1 #1 (de 4) - página 24 editada
“Até ralé tem família”

Cada um dos dois, heróis em seus estados naturais, com suas falhas, erros e mesquinharias. Como o fato de Batman saber que precisa de alguém da policia para ajudá-lo, porque QUASE morreu escapando do prédio em chamas. E que essa pessoa seria o próprio Jim…

Ambos mais do que “super-heróis” com “super-poderes” e “super-carros” como estamos acostumados em ver. Ambos Pessoas, Homens, seres humanos com suas fragilidades, forças e principalmente demonstrando o que nos dá sentido as nossa vidas.

01 BATMAN Ano1 #3 (de 4) - página 20 editada
Planejando um Aliado

Estes são os heróis de Ano Um.

O que nos Motiva a Agir?

01 BATMAN Ano1 #2 (de 4) - página 16 editada
A Justiça é para Todos

Mas… e que senso de justiça e moral “virtuoso ao extremo” é esse que NOS motiva a agir? A sermos “heróis e heroínas”? Do Gordon que prefere não se corromper — apesar de trair sua esposa com Sarah. Ou do Batman que jamais se torna uma assassino, porque são esses que ele deve caçar e mostrar que a Justiça e o MEDO estão logo ali.

O que motiva pessoas em meio a este inferno e que mesmo assim continuam corretos? A questão toda está na motivação de ambos — de que É PRECISO continuar vivo. Esta necessidade é que dá sentido a vida. De que É PRECISO cuidar de sua esposa, do seu filho que vai nascer, para que aonde ele nasça seja um lugar melhor. Mesmo que aparentemente sem esperança.

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Esperança essa que muitas vezes vem do MEDO. Medo que Batman escolhe compartilhar com aqueles que tolamente nada temem. Por mostrar a esses que todos temos algo a temer, que todos nós sofremos e que o mundo não é o paraíso de nossas vontades — que às vezes entra um maluco fantasiado de morcego na casa de mafiosos, corruptos ou gigolôs — para levar a eles o Medo e a Dor de que a Justiça é para Todos.

E esse sinal de LEVAR O MEDO com suas próprias mãos, de que a Justiça Existe para Todos, trazida por apenas um Homem, uma pessoa, dá o sinal de esperança que aquele policial precisa de que a cidade pode melhorar. Daquela moça que adora gatos e que se prostituía (com sua irmã?) que a vida pode sim, melhorar para ela também — mesmo que do jeito que ela ache melhor.

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Esse sinal de esperança vive em nós, seres humanos, enquanto não desistamos de lutar — enquanto houver um Batman em meio ao Inferno, mostrando que sua luta pessoal para vencer seu trauma é a mesma luta de todos nós para vencer o mal que habita nossos corações, nossas vidas e nossas cidades.

Esperança
Esperança

E que esta luta eterna contra este mal é o que preenche e dá real sentido as nossas vidas. Até o dia que se possa estar em paz.

Animação Melhor que HQ?

Detalhes
Detalhes

Aqui um toque Diferente. Eu geralmente falo da arte da HQ e faço comparações — como as das imagens — quando faço criticas de novels. Desta vez o meu comentário em especial é para a Animação que foi feita de “Batman: Ano Um” em 2011. Na maioria das vezes as animações de Novels pecam porque não “contam” todos os detalhes e deixam batidos “pensamentos chave” ou “pensamentos poéticos” de alguns personagens — coisa natural.

Mas a animação de Ano Um tem um ponto positivo. Por conta da HQ ter sido muito curta — e com poucos capítulos — algumas partes na HQ foram simplesmente “contadas” e não mostradas — coisa que a animação mostrou em arte.

01 BATMAN Ano1 #1 (de 4) - página 20 editada
Detalhes

Sem contar o grande momento chave do Nascer do Batman, que apesar de ter ficado com uma arte linda, não deu o impacto tão grande quanto a Animação genialmente mostrou — do morcego entrando e pousando no busto de Thomas Wayne.

Eu diria que pela HQ ser curta (só 120 páginas) e por ter muita história para contar a Animação acabou se saindo melhor, mesmo não mostrando alguns pensamentos — mas sem esquecer dos que eu consideraria como chave. Exatamente por isso a Animação passa mais sentimento e emoção, enquanto a HQ é mais detalhada e serve para aquele fã que gosta de saber tudo.

Conclusão

Outra cena que Batman Begins se inspirou
Outra cena que Batman Begins se inspirou

Se alguém me perguntar “#AdminTB, Que histórias do Batman eu tenho de ler para entender um pouco ele?”. Se você for total leigo e nem chegou a ver a animação clássica Batman Animated Series… eu diria para você ver a Animação de Batman: Ano Um. Se gostar, dê uma olhada na HQ que tem muitos detalhes interessantes que a animação não contou, porque… bom são mídias diferentes.

Diria para você ler também A Piada Mortal. Falo isso porque tanto Ano UM quanto A Piada são ATÉ HOJE Cânone na história do Batman — ou seja, fazem parte da cronologia oficial. Claro… que valem muito à pena também porque… oras… são obras de arte.

01 BATMAN Ano1 #4 (de 4) - página 24 editada

E Ano Um como vocês viram é referência para quase tudo que envolve o Batman na Cultura pop, além de ser genial por contar de forma humana como um herói nasce — o Nascimento do Morcego.

Aquele abraço a todos!

Galeria de Imagens

Batman A Piada Mortal (HQ) – Critica: Quando a Loucura e o Caos Tomam a Vida de uma Pessoa

Bem vindos amigos and amigas fãs do Batman ou simplesmente de HQs clássicas — e também claro, de ótimas histórias. Nesta resenha da HQ A Piada Mortal, vamos explorar mais uma das obras do mestre Alan Moore e finalmente entender como a Loucura e o Caos derrotaram o Bem e a Moral! Boa leitura!

Batman A Piada Mortal (HQ) – Critica: Quando a Loucura e o Caos Tomam a Vida de uma Pessoa

Piada-mortal

Bem vindos meus amigos e amigas a mais uma critica de HQ do Afonte Geek. Desta vez escolhi outra obra de Alan Moore para resenhar, depois de ter feito a critica da também clássica V de Vingança — clique para ler também… mais tarde, claro.

Logo de começo  trago a sinopse da HQ. Na resenha (com Spoilers) tratarei da Arte, das Polêmicas sobre o Estupro de Barbara Gordon… E se o Batman Matou o Coringa. Assim como também faço um link com o filme do Tim Burton: Batman (1989) — que temos uma critica aqui no site.  Sem esquecer a Conclusão do texto. Vamos à resenha!

A Sinopse da Piada Mortal (The Killing Joke)

Batman A Piada Mortal - página 26 editada
Clássica cena da Piada Mortal… será que foi censurada? Agora você irá descobrir

A HQ conta mais ou menos o “O Nascer do Coringa”, e por isso se trata de um Cânone. Basicamente tudo o que acontece n’A Piada Mortal, reverbera no universo do Batman.

Ela conta “duas histórias” ao mesmo tempo: a primeira do Coringa relembrando de forma “não muito precisa” do seu primeiro encontro com o Batman. A Segunda, no presente, aonde ele foge da prisão para fazer seu experimento: “Só é preciso um dia de Caos na vida de alguém, para que ele abandone a Razão e se jogue à Loucura”.

A Arte, as Polêmicas e o Batman de Tim Burton (1989)

Batman A Piada Mortal - página 2 editada

A Arte d’A Piada Mortal, por conta dos tons de azul escuro usados no Batman, fugindo ainda daquele cinza-escuro e depois, somente negro-negro que vemos nele agora, lembra um pouco, digamos, a segunda fase do Herói, em contraste com a primeira que a própria HQ relembra quando conta o primeiro encontro dele com o Coringa.

Por que isso é importante? De algum modo as próprias poses do Batman e como ele se porta dentro dos quadrinhos — e a HQ tem poucos pensamentos mas muitos diálogos — lembram a arte de V de Vingança. Veja na Galeria de Imagens no fim do post a comparação entre a arte de V de Vingança e d’A Piada Mortal. Até o rosto do Coringa se tornou “Clássico”, assim como seu nascimento nesta HQ. Vale citar que Tim Burton a usou como referência (penso eu) para fazer o filme Batman (1989).

Na verdade o próprio Tim Burton fala que leu e adorou a Piada Mortal, como vocês podem ver na Capa dela!
Tim Burton falando sobre A Piada Mortal

O próprio Tim Burton no diz que:

Eu adorei A Piada Mortal…
É o meu favorito.
O primeiro gibi que gostei.

A desenho do rosto do coringa d’A Piada Mortal é usado como “banner” do Coringa que Jack Nicholson faz no filme. Mas Tim Burton não usou só a arte dela como referência para fazer o que seria sua concepção de Batman… a HQ nos traz muito mais que isso.

A Polêmica do Estupro de Barbara Gordon

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Antes de tudo, se você está começando agora, Barbara é filha do Comissário Gordon, e sem o “conhecimento” de seu pai, ela é a Batgirl. Nesta HQ é que vemos como ela deixa de ser a heroína, para se tornar a Oráculo.

O Coringa enquanto escapa do Asilo Arkham para provar sua tese da “Loucura sobrepuja o Bem e a Moral quando há Desespero“, aleija a filha de Gordon com um tiro na coluna. Se você leu a HQ, sabe. Mas a questão não é a crueldade do Coringa, e sim, das fotos da Barbara que ele mostra para o Comissário — para deixá-lo louco.

piada mortal cena censurada
A Cena Censurada

Durante muito tempo houveram especulações de que Barbara fora  estuprada e inclusive que essas “fotos” foram censuradas. Bom… as imagens dela nua (o que indicaria o estupro) realmente foram cortadas… e aqui vocês podem vê-las — sim de fato, houve o estupro (ou ao menos, algum tipo de abuso sexual).

E Batman Matou o Coringa?

Batman A Piada Mortal - página 46 editada 2

Outra polêmica é sobre o Batman ter assassinado o Coringa no fim da HQ, logo após do palhaço ter contado a piada sobre a luz e os loucos — aonde um poderia apagar a luz impedido que o outro o alcançasse. Na verdade, durante toda a HQ o Batman discute consigo mesmo se no fim, um acabaria matando o outro.

Para “aclarar” um pouco essa questão, vamos ver o comentário de Grant Morrison sobre o Batman ter matado o coringa. Para quem não sabe, Morrison é autor do clássico Superman: Grandes Astros, do também clássico Batman: Arkham Asylum e foi ele quem levou o quadrinho do Batman (com seu run) mais recentemente. Ele diz:

Ninguém entende o final, porque o Batman mata o Coringa. Por isso se chama A Piada Mortal. O Coringa conta a Piada Mortal no fim, Batman estica suas mãos e quebra seu pescoço, e por isso a risada acaba e as luzes vão sumido, porque essa era a última chance de atravessar essa barreira. E Alan Moore escreveu a história definitiva de Batman/Coringa — ele finalizou tudo.

Batman A Piada Mortal - página 46 editada

E completa:

Mas ele (o artista Brian Bolland) fez de uma forma que ficou ambíguo, então ninguém precisa ter certeza, o que significa que não precisa ser a última história Batman/Coringa. É brilhante!

Eu confesso que devo discordar um pouco de Morrison. Acho que Alan Moore realmente quis fazer a “última” história do Batman — para dar (ainda) mais importância ao Coringa no universo do morcego. Mas uma das questões a mais é o próprio pedido de Gordon. O comissário após ter sido liberto pelo morcegão, pediu para que ele mostrasse que “Pessoas de Bem nem sempre ficam loucas por conta de um dia ruim”.

O próprio Batman repetiu mais ou menos isso quando o Coringa pediu para “mandar ele pro inferno”:

Porque não é isso que eu quero… Porque estou cumprindo a Lei.

Batman A Piada Mortal - página 44 editada 1

Mas a grande questão não é o Batman ter matado o Coringa ou não no final — no momento em que a policia chega e o som do riso de ambos se mistura ao som da sirene. A grande questão é o fato que Morrison notou no fim: Moore ter deixado isso EM ABERTO. Ou seja, a depender do leitor, seguindo a interpretação (ou não) que Moore deu à estória do Batman/ Coringa como um todo, é que ela/ele vai tirar suas próprias conclusões.

Mas concordo com Morrison sobre o sentido da Piada Mortal ser contada (também) no final…

E do que fala A Piada Mortal afinal de Contas?

Coringa de Jack Nicholson
Coringa de Jack Nicholson

Alan Moore é anarquista e eu deixei isso claro enquanto fazia a review de V de Vingança assim como quando mostrei isso também no Top 5 Curiosidades das HQs. O Grande Tema d’A Piada Mortal que Morrison deu uma pincelada é o Elogio à Loucura que envolve Batman e Coringa — quando ele fala “da luz” para chegar ao outro prédio.

Esse Elogio à Loucura é tratado de forma diferente no filme do Batman de Tim Burton (1989). O Diretor nos traz ela no sentido de que “Nem todo mundo é certinho”, “todos podemos ter lapsos”. Mais ou menos nos dizendo que “Esse mundo não é tão Normal” — fala essa inclusive do próprio Batman no filme. A loucura não é apenas “logo ali“, e sim o mundo que não é tão são quanto nos dizem ser — assim argumenta Tim Burton.

O “Experimento” Do Coringa

Batman A Piada Mortal - página 8 editada

Na HQ que pelo que vejo, serviu de inspiração ao filme, a coisa é diferente. Alan Moore tenta nos passar que o caos é a um ponto de distância. Que a qualquer momento, qualquer pessoa, pode ter sua vida afetada de tal modo pelo acaso e pelo caos, que se pode cair em total agonia nos braços (e abraços) da Loucura e do Mal. Este é o argumento do Nascimento do Coringa e do surgir do próprio Batman.

A Piada Mortal — antes de eu ler a interpretação de Morrison — sempre foi ao meu ver, a última piada que o Coringa conta a sua esposa. Quando ele havia abandonado tudo para ser comediante e estava perdido por não conseguir sustentá-la, grávida, mas ainda não tinha caído no escape da loucura — até ela morrer.

piada mortal - morte da esposa e cair no abismo
Clique para Ampliar

E como ela morreu? Dentro do próprio acaso, diante do caos — testando o “Aquecedor de Madeiras”. Esse foi o ponto de fissura para o Coringa, antes mesmo dele cair nos químicos e ter sua pele mudada (ou se ele consegue se lembrar direito).

Ele argumenta exatamente a mesma coisa do Batman… deve ter sido um mal “do gênero” que o fez se vestir de “rato voador“, “fingindo que a vida faz sentido” e que Batman agindo assim lhe dá “vontade de vomitar“… Um acaso que muda por completo a vida de alguém, finalmente revelando a Piada (Mortal) que é este Mundo. O reino indelével do caos aonde nada pode resistir — nem mesmo a Moral e o Bem.

A Boba Moral dos Bobos “que dão vontade de Vomitar”

Batman A Piada Mortal - página 38 editada 2
De fato Batman é Louco por tentar superar seu trama se vestindo de “rato voador”… só lembrando.

Do lado oposto ao “Experimento do Coringa“, e provavelmente de Moore que defende o caos/ acaso e a loucura, está o Batman, Gordon e sua defesa ao Bem e a Moral. Os três são tratados de forma “boba” na HQ. Com a Lei, a Vontade de Ajudar Alguém a se Recuperar — de que “o nosso jeito funciona” — mesmo depois do palhaço ter passado “Tanto dos Limites”.

Moore na realidade constrói um Poderoso Elogio ao Mal nessa sociedade estafante. Ver os valores éticos (que na história foram colocados de maneira boba de forma proposital) confrontando com um elogio ao “mal que eclode”, foi quase como o autor brincando com os leitores: Seu herói é só um Bobo na Corte de Bobos. O final realmente é simbólico do Batman entregando o Coringa à Policia. Quase sem sentido: “O Bem vencendo o Mal”. Em outras palavras, a HQ é um Argumento sobre a Moral.

Batman A Piada Mortal - página 38 editada
Durante toda a HQ o Coringa rouba a cena defendendo seu argumento do caos… para no fim Gordon e Batman dizerem coisas… bobas rs

Ou pode ser como opinou Morrison: o Batman não resiste a este Mal, esperando uma “ovação da galera” e matando o Coringa. Como se a Razão, o Bem e a Moral do Batman finalmente não resistissem ao caos e a loucura, e se juntassem a ele no fundo do Abismo. Do mesmo modo, um Argumento sobre a Moral.

Conclusão – Moral x Loucura

piada mortal - fim da review e para você leitor batman mata o coringa
Bem, Razão e Moral x Loucura, Demência e Psicopatia – duas faces da mesma moeda?

Como eu disse, A Piada Mortal faz parte do universo do Batman. Por isso toda a importância dela. O seu sentido, ou o que Moore defende é de fato um Elogio ao Mal, como se o Dragão matasse São Jorge, que não resistiu ao acaso de um trauma terrível que aconteceu na sua vida — porque oras, o “Mundo é uma Piada” e a pessoa acaba se jogando neste Abismo.

Seja mostrando Batman como um herói bobo que defende o Bem e a Razão diante do Caos e da Loucura… Ou que simplesmente sucumbe e vai “para galera”, matando o Coringa.

Batman A Piada Mortal - página 44 editada 2

Sobre o fim da HQ eu tenho a minha escolha. Para mim Batman resiste e sua Moral Permanece, entregando assim o Coringa à policia — tolamente, ao menos como Alan Moore nos faz pensar neste poderoso Elogio ao Mal.

E para você leitor/a? Batman cai no Abismo?

Reparem como a Arte de V de Vingança lembra a d’A Piada Mortal – e vice versa

Nome Original: Batman: The Killing Joke/ Editora: DC Comics
Ano de Lançamento: 1988

Fontes: Jovem Nerd – Cena de Nudez Censurada em A Piada Mortal [Link]; Grant Morrison e Batman Mata o Coringa n’A Piada Mortal [Link] / Afonte Geek – Batman (1989) O Filme – Review: Um Elogio à Loucura [Link]; Review de V de Vingança [Link];  Top 5 Curiosidades das HQs [Link]

V de Vingança – Critica da HQ: Uma Apologia ao Anarquismo

Bem-vindos meus amigos/as à critica da mítica HQ V de Vingança (V for Vendetta), escrita por Alan Moore com arte de David LLoyd. Essa review se baseia na última edição especial feita pela Panini.

V de Vingança – Critica da HQ: Uma Apologia ao Anarquismo

V de Vingança wallBem senhoras e senhores, depois de muitos atrasos e de realmente estar “enrolando” para fazer esta critica, cá estou para a primeira crítica de HQ feita aqui no Afontegeek. Já temos um texto aonde eu trago uma visão do Batman na Cultura-pop (um herói em meio aos deuses do Olimpo), mas como crítica de HQ esta é primeira — agradeço aqui ao amigo Antônio por me emprestar a HQ, valeu fera!

mas Antes a Sinopse da HQ

V de Vingança - v salva eveyA história se passa num Reino Unido de 1997 aonde depois de uma guerra nuclear, um partido totalitarista alcançou o poder. O governo se divide em “partes do corpo” — nariz, olhos, cabeça, voz — e controla tudo o que as pessoas podem ou não ser (controle da mídia, policia secreta e até mesmo um campo de concentração que existiu  antes de 97). É neste contexto que aparece V, um cara vestido de Guy Fawkes que começa a assassinar altos escalões e fazer outros atentados, deixando o governo totalitarista em desespero.

“…à semelhança do que escreveu Hannah Arendt no seu livro “Origens do totalitarismo”, de 1951. Existe também um sistema de monitoramento mediante o uso de câmeras, nos moldes de 1984, de George Orwell, escrito em 1948, quando o CFTV ainda não existia tal como é hoje.” (Wikipedia)

Antes de ir aos “finalmentes”, quero frisar alguns pontos:

Coringa é você?
Coringa… é você?

Primeiro, se trata de uma crítica com Spoilers, então estão avisados; segundo, que diferentemente do que o filme pode passar (ao menos para mim), a HQ de Moore não trata de “conquista para a democracia motivada pelo povo”, mas antes de Anarquismo, como vamos ver com calma; e por último, uma motivação individual parece poder afetar a muitos.

Este texto está divido em: A arte parece ter Referências Interessantes…; Em que momento ocorre o “Momentum”? Estas e Aquelas motivações Pessoais; Quem é V e Qual o Sentido da obra – Apologia ao Anarquismo

A arte parece ter Referências Interessantes…

V de Vingança - batmanPois é pessoal, este é um comentário que eu tenho quase certeza, vocês dificilmente vão ver por aí. Lembrando que se trata de uma opinião minha apenas… mas, a arte, os focos de escuro, os locais aonde o V fica logo no começo da HQ, e o pequeno fato do V ter salvo a Evey (que ia se prostituir pela primeira vez, mas provavelmente seria morta por um policial)…

Todos os lapsos, as poses do V com sua capa com nuances entre o negro e/ou o azul — a questão de estarmos primeiramente ligados aos agentes policias do “nariz”, ou seja, “investigando” para sabermos quem é o V, e a sua motivação por trás do assassinatos dos membros do governo…

V de Vingança - justiçaOu seja, temos um alguém que abandonou literalmente o censo de justiça por um senso de inteira vingança — quando vemos ele falando com a dona Justiça e dizendo “casei-me com outra dama, a Anarquia” — por um lado um ser de caos, por outro um ser que faz o que pensa ser o certo (salvar Evey). Será mesmo que só eu lembrei num certo Vingador mascarado que anda à noite em Gotham?

Na realidade toda a arte, primeiras questões da história (detetives) e o aparente caos que V causa sem motivação dele/ ou acima dele são questões que retomam às HQs do morcegão — sim a referência até metade da história de Moore, para mim, é o Batman.

V de Vingança - Coringa 2Essa referência vai deixar de existir quando Moore salta para algo maior além do caos (ele ser meio… Coringa… a máscara do Guy Fawkes, os tons negro-azulados do começo da HQ), a vingança pessoal de ter sido submetido àquelas experiências — O Homem do Quarto numero V (cinco), quando…

Em que momento ocorre o “Momentum”?

V de Vingança - genialidade começa… finalmente V de Vingança “começa”. Por mais que Alan Moore seja um “gênio” e goste de deixar isso claro com todas as suas referências à Shakespare e a tantos outros autores que ele admira, a sua história começa de fato, quando Evey é presa por V, para prepará-la a um possível “sequestro”.

Quando conhecemos a história da moça lésbica que começa a sua carta dizendo “eu não te conheço, mas mesmo assim eu te amo”, por ter sido perseguida, por tiraram dela seu grande amor, e por fim, ter ido parar no quarto ao lado do de V.

V de Vingança - genialidade começa 3 confrontando VToda aquela cena, a dramaticidade ao qual Evey passa (V é louco, só para constar) unida ao relato da moça, de sua vida, de como ela estava bem até o governo repressivo e opressor (de fato, como alguém que entra na sua vida sem ser chamado e te destrói por completo) tê-la aprisionado naquele campo de concentração.

E o momento posterior, quando Evey descobre que era V, quando Evey se “liberta do aprisionamento mental”, porque na realidade o maior presente que pode-se possuir é sua liberdade. Deste “Momentum” em diante, finalmente começa V de Vingança.

V de Vingança - genialidade começa 4A arte muda, os questionamentos pessoais (da mulher que vira prostituta após a morte do marido, do detetive que descobre que sua amante era cientista no campo de concentração de V) avançam. Moore se mostra em “seu si” — o ser humano é bonito, mas também feio, é belo mas também terrível.

Se a HQ parecia ser “pesada” pelas mortes, agora com elas também ao redor, vemos o que de fato o caos pode fazer: destruir, para depois como V argumenta, vir outro e reconstruir.

Estas e Aquelas motivações Pessoais

V de Vingança - motivações 3 - anarquiaO que nos motiva a agir? Quais motivações pessoais realmente nos fazem “mudar de crenças”, quando na realidade, tudo não são apenas “motivações pessoais”? O que de fato fez V agir foi primeiramente a vingança, apoiada pela sua ideia de “destruir para que alguém reconstrua”?

Eu vou deixar essas questões aqui, porque em V o que mais vemos são “razões pessoais”. Por que e como a cientista resolveu fazer aquelas atrocidades (os relatos dela no diário), o marido desgraçado que no fim fez falta a mulher que sozinha no mundo, não tinha mais o que aonde ir… o detetive que amava sua cientista “maldita”; a esposa dominadora que queria  seu marido morto, enquanto era dominada por outro…

V de Vingança - motivações 2Quero deixar essas questões aqui, porque penso que Moore nos deixou muitas razões pessoais, mesmo que não falando delas (elas não se fecham, elas não têm um fim de existir). Mas as friso, porque ao término da HQ, é como se somente a razão de V (V de Vingança) fizesse sentido…

Quem é V e Qual o Sentido da obra – Apologia ao Anarquismo

V de Vingança - genialidade te pega dentro de casaComo se fosse preciso agir por instinto de Vingança, por instinto de caos para destruir a todo custo, aquilo que te privou de algum modo. Como um alguém que vive com você, mas que nunca falou contigo, e de repente, te prende, te mata, e te destrói.

V que queria apenas a SUA Vingança, tinha como um escudo a sua crença dura (a crença de Moore) no Anarquismo. Aonde é preciso simplesmente destruir o governo, porque é ele que te cerceia e te toma de assalto. Parece um argumento simples — Vingança pessoal, Destruir o governo — e V (Moore) segue toda a cartilha Anarquista de pequenos atentados até que o governo caia.

Valhalla: para os heróis do Anarquismo
Valhalla para os heróis “destruidores” (do Anarquismo).

Este é pra mim o grande “sentido”, o grande “porque” de V de Vingança. Aonde para Moore, o estado chega a ser tamanho monstro, que cerceia e toma a sua “liberdade concreta”, que é preciso atos de desespero, atos de caos, Atentados, para destruir o “mal com o mal” — Sendo V esse próprio Caos; mas que não merece viver no mundo novo, utópico, que se levanta após ele. Não pode haver Caos aonde há Paraíso.

Conclusão

Estas e Aquelas motivações -- como entender que sua amada era uma assassina?
Estas e Aquelas motivações — como entender que sua amada era uma assassina?

Acabou-se! Eu tive de ler um pouco sobre Anarquismo para fazer esta review, e na verdade, não foi com espanto que li Bakunin (grande ideólogo anarquista) defendendo que é preciso destruir o Estado “à força” para que haja o paraíso de liberdade concreta (tal qual como V fez).

Mas fiquei espantado de ver que Bakunin (como eu), acertou que o comunismo leva à ditadura, e nenhum “governo larga o osso quando chega lá”. Assim como quase caí para trás, ao ver que na lista de “Anarquistas famosos” estava um tal de Alan Moore.

As vezes... só se caminha para o fim, sem entender coisa alguma.
As vezes… só se caminha para o fim — Quando se é impossível de entender as motivações cruéis daqueles a que já se amou

ps: Pessoal, quero deixar frisado que não sou Anarquista e que tentei falar de forma “analítica” do assunto — e que hoje temos muitos movimentos anarquistas que focam a educação em vez de “destruição do estado através de atentados”, para chegarem na sua utopia. Eu como positivista… só “vejo para prever”, rs.

Abraços, espero que tenham gostado!

Galeria de Imanges

Fontes: Wikipedia

V de Vingança: [Link]
Anarquismo: [Link]
Guy Fawkes: [Link]
Mikhail Bakunin: [Link]

Batman – Resenha: O Morcego na Cultura pop – Um Herói entre os deuses do Olimpo

O post que vocês vão ler agora sobre o Batman é uma espécie de Analise sobre o conceito e o que o morcego significa, depois de eu ter lido Cavaleiro das Trevas e também Piada Mortal. Qual o Significado do Batman na Cultura/POP? Qual o sentido de Super-Herói e Herói? Boa leitura!

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Batman – Resenha: O Morcego na Cultura pop – Um Herói entre os deuses do Olimpo

Muito bem senhoras e senhores, bem no fim das minhas férias eu venho para fazer criticas. Tenho alguns textos na fila, e como sei que animes costumam dar uma canseira danada, venho falar de uma questão sobre o Batman que talvez seja deveras interessante.

Dividi o texto em duas partes: a primeira aonde eu discuto a questão do “Vigilantismo” que é muito presente no batmorcego, e depois sobre o conceito de Super-Herói e Herói, que também é longamente discutido em qualquer bom quadrinho do morcegoman.

Vamo la!

Afinal, o que é ser Vigilante?

watchmen-em-quadrinhosDepois de ter lido Watchmen e… para a falar a verdade a vocês, ter gostado muito pouco, até porque eu não gosto tanto da escrita do Alan Moore; fica claro que apesar de não tratar exclusivamente nisso ou não focar muito o tempo inteiro, um dos grandes problemas (o plot principal que dá motor à história) é, como lidar com os vigilantes? Quem vigia os Vigilantes?

Ourto fato interessante também, é que na verdade todos os personagens de Watchmen foram inspirados em outros que já existiam, e que na época, se bem recordo, haviam sido comprados pela DC; e inspirados de outros quadrinhos também. Sigam o link da Wikipédia abaixo para entender melhor.

Batman e o Vigilantismo

batman gottam
Batman e sua Gottam

Voltando ao ser vigilante em Batman, vamos falar do conceito. Ser vigilante é proteger a cidade (ou o mundo) do crime, mesmo que sem o aval da policia. Nisso você pode passar por cima da lei, ou qualquer coisa do tipo. É usar uma máscara, esconder o rosto, e dizer “Eu sou a noite“. Mas interessante, que outro herói também é tratado como um vigilante: Homem-Aranha.

Mas ele não é tratado como um vigilante no seu si. Por exemplo, o Batman sabe que é um vigilante. Ele sabe que ele não está a serviço da polícia, ou da política, mas da Justiça. E não importa a HQ ou desenho, ele vai tocar no assunto — se o autor respeitar o personagem.

j-j-jameson
Uma caricatura…rs

No Homem-Aranha quem fala “Seu mascarado, isso é trabalho da polícia“, “Você não me engana, você está mancomunado com o Duende Verde“, “Cabeça de teia maldito, se você é tão bonzinho, tire a máscara, só bandidos usam máscaras!” é o J. Jonah Jameson Jr. Ali o autor trabalha a questão do Vigilantismo, do “fora da lei”. Parece palhoça, mas dificilmente vemos isso em outros super-heróis.

batman cavaleiro das trevas

No Batman o Comissário Gordon, com vimos no Cavaleiro das Trevas (HQ), não apenas atura, suporta, e ajuda o Batman. Nas palavras dele, “O Batman é além de tudo isso, é maior do que eu“, apesar que caso o Batman queira matar, ele está ali para impedi-lo.

Aliás, Cavaleiro das Trevas trabalhou muito bem isso com a nova Comissária, que trata o Batman como um “fora-da-lei”, um vigilante, coisa que ele é mesmo — e ele sabe que é.

The Legend of Zorro
Catherina Zeta-Jones, a musa de 10 entre 10 nerds…aiai

Revisando o conceito de vigilante: Alguém que age sem ser da força policial. O Batman sabe disso e comenta sobre isso. Eu arriscaria que a luta dele contra o Superman foi exatamente por isso: nem sempre o Governo tem razão, é preciso que alguém se arrisque em favor da sociedade.

Sim, até aí nada demais. Mas o Batman é algo além de vigilante. Pode-se dizer que na constituição dele — inspirado no Zorro, em filmes antigos do Drácula (fãs ajudem!) e sua forte questão moral, que ele é algo além de um vigilante.

Mas ele não é um super-herói.

Batman, o Herói grego Moderno

Batman.o.cavaleiro.das.trevas.02 post

Super-herói é exatamente o que o conceito diz: Além de herói. Supera e muitos as capacidades humanas. Voar, super força, alguma habilidade própria: adquirida (aranha radioativa), ou que faz parte do super (ser um alien que ganha poderes pelo nosso sol amarelo).

Até o Homem de Ferro não dá para comparar com o Batman, porque adquiriu junto com sua inteligência, habilidades suprahumanas. Como um professor meu que é fã dele diz: “O Homem de ferro se reconstruiu, se refez como pessoa“.

Batman não é nada de supra.

homem de ferroMas aí me falam “o super poder do Batman é o dinheiro“. É o dinheiro. Mas Ele não é o Dinheiro.

Vamos analisar melhor. Alguém que deu o melhor de si para se tornar a pessoa mais forte possível. Sabe tudo de artes marciais, é altamente preparado, tem uma inteligência absurda (melhor detetive do mundo), mas que no fim não voa nem nada: Batman meus amigos é um Herói.

Sabe Ulisses da Odisseia?

Ulisse alla corte di re AlcinooUlisses ficou perdido de Ítaca (aonde era rei), e teve que enfrentar monstros, deuses (se bem lembro), desafios de razão e contava com ajuda da sua ‘guia espiritual’ Pallas Athena, a deusa da Astúcia. Tudo isso para voltar a ser rei. Vocês lembram de alguém?

Como Ulisses que usou a razão para escapar de diversos perigos, como por exemplo ele se amarrou no seu barco para não ser enfeitiçado pelas sereias, ou não comeu uma fruta deliciosa que deixou seus soldados entorpecidos, e presos numa ilha (eles morreram lá?).

Athena pallas athena wall

O único super poder de um herói, que não é super coisa nenhuma, é a Razão, a astúcia. E claro, uma preparação absurda. Mas como Ulisses tinha a deusa Pallas Athena como Guia (quando ela disfarçou Ulisses de velho para ele poder entrar na sua cidade sem ser percebido), Batman tem o dinheiro. Ambos, Athena e Dinheiro, são ‘super’, mas nenhum nem outro é o Herói.

Bruce poderia ter ficado mais louco (Bruce é meio maluco) e torrado tudo, ficado pobre. Ulisses poderia ter comido aquela fruta deliciosa, ter ficado inebriado, e nunca mais veria a Pallas Athena. Athena o ajuda e protege, porque ele merece, e Bruce não fica mais rico se não for inteligente para gastar bem seu dinheiro — inclusive consigo mesmo.

Batman.o.cavaleiro.das.trevas. 04 post

Batman, portanto, Não é um super-herói. A sua própria construção foi pensada para ele ser um herói — acima de tudo Humano. Um Zorro que lutava pelo povo. Um herói que luta por Gotham. Mas como Ulisses, ele enfrenta deuses, seres mitológicos, monstros, e ganha o respeito do Olimpo, pelo bom uso da singela força humana: A Razão — O Batman e seu clássico “Eu tenho um plano“.

Batman é mais próximo de um bombeiro que se arrisca pelo amor ao próximo do que do Superman. Batman é um conceito de herói. O máximo da coragem do homem. Um herói Moderno.

liga da justiça originalTalvez por isso ele tenha tantos fãs e os roteiristas gostem tanto dele, porque Batman é um humano em meio a deuses. Um herói homem no Olimpo.

Abraços Batamigos, rs!