Charlotte – Crítica: O Caminho para Se Tornar uma Pessoa Melhor

Olá bons amigos/as, sejam bem-vindos a mais uma review de anime no Afonte Geek. Desta vez é a crítica do anime Charlotte, de autoria dos gênios que trabalharam em obras como Angel Beats, CLANNAD e Rewrite. Espero que curtam o post porque o caminho é o que nos espera!

Charlotte – Crítica: O Caminho para Se Tornar uma Pessoa Melhor

charlotte-anime-wall-2Depois de um tempo resolvi fazer um combo de reviews de anime: Maou Yuusha, Re: Zero e acabei decidindo fazer a crítica de Charlotte também. Para quem não sabe… Charlotte é obra do grande Jun Maeda contando com a arte de Na-Ga, que são os mesmos que fizeram Angel Beats — clique e veja a review do anime. O anime é produzido pela prória P.A. Works (também de Angel Beats).

Na verdade, Chalortte (2015) foi feito para comemorar os 5 anos de Angel Beats (2010) e os 15 anos da famosa produtora de games Visual Novel, Key/ Visual Arts — criadora de Air Tv, Kanon, CLANNAD e tantas outras obras-de-arte do drama. Se você não conhece nadica de nada sobre a Key e tampouco as Visual Novel, siga o link que explica melhor o assunto.

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Sim, teremos spoilers

Fiz um passo-a-passo de Charlotte na nossa página do facebook, mas nada melhor que uma review. E chega de conversa, vamos ao post! Lembrando que teremos spoilers.

Sinopse e Enredo: Aonde está você, Yusa-rin?

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O elenco de Mistérios S.A…. digo, Charlotte.

Desta vez resolvi juntar a Sinopse e o Enredo. O motivo é que eles vão se “perseguir”. A história começa com nosso anti-herói Yuu Otosaka, que tem o poder de saber o que as pessoas pensam por alguns segundos. Ele não sabe bem como ou porquê ganhou este poder, mas o utiliza para passar de ano na escola e tirar onda de Wesley Safadão.

Até que um dia, uma linda garota de cabelos brancos descobre seu plano maligno e ele fala “Eu fui pego graças a esses garotos enxeridos!“. Depois de ter sido pego e de tomar um fora que foi o único momento sério do primeiro episódio — e de algumas piadas da Fuuko… digo da sua irmã Ayumi — ele é transferido para a escola da menina de cabelos branco — que como ele também tem poderes — para assim fazer parte da Mistérios S.A…. Ou quase isso.

Tomori sua linda
Tomori sua linda

Se o amigo(a) leitor(a) percebeu, eu falei mais ou menos do que se trata o plot inicial de Charlotte — um combo entre Scooby-Doo e X-men. Pense bem: por qual motivo adolescentes começam a ganhar poderes estranhos?

No primeiro episódio um tal cometa é citado… e só. Depois disso os heróis vão se juntando num grupo de crianças que estudam numa escola de “crianças com poderes especiais“, e passam a vida atrás de outros adolescentes que usam seus “poderes mutantes” em benefício próprio.

Sim, o plot inicial é um combo entre Scooby Doo e X-men.

À direção da Ayumi

Ayumi like Fuko-chan
Ayumi like Fuko-chan

Como eu citei, a Ayumi é a irmã do anti-herói da história. Ela é tão fofinha e engraçada quanto a Fuko-chan de CLANNAD. Na verdade, acabei perdendo muito tempo no “passo-à-passo” só citando as referências de Charlotte. Vou ser sincero, o anime foi feito assim de modo proposital.

Herói que só pensa em si mesmo; uma realidade que não faz sentido algum (crianças com super poderes sem motivo?); crianças procurando crianças, enfim, todo o enredo do anime é um lembrete daquilo que mais vemos nas histórias ocidentais/orientais e na Cultura Pop em geral — isto claro, lembrando que o Otosaka é o primeiro anti-herói real da Key Visual/ arts.

Sim você é
Sim você é

Ele é uma clara referência ao Leleuche de Code Geass (que tem review aqui), tanto pelas poses quanto pelos poderes. Mas a questão aqui é a Direção… exatamente pelo anime ter a proposta de ser “O que é a Cultura Pop”, que os episódios acabaram sendo divididos sempre entre o plot inicial que falei (Garotos que Desmascaram Enganadores + Garotos com poderes especiais) e aquilo que ele realmente quer dizer, ou seja, seu sentido.

Tomori like Batman
Tomori like Batman

Leleuche, digo… Otasaka não faz par com Batman… digo com a Nao Tomori à toa. Primeiro porque ele é o exemplar máximo do anti-herói dos animes (e ainda assim inovador para as obras do Jun Maeda). E segundo que o anime vai justamente demonstrar que mesmo ele pode mudar. Que ele pode mudar como pessoa desde que caminhe e se permita transformar para crescer como pessoa.

Professor Xavier: eu sabia que ia te encontrar!

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Shunsuke AKA Professor Xavier

Mas… apesar de termos a Tomori que é uma verdadeira carta na manga de Charlotte, Otasaka precisava de um Obi Wan Kenobi. Ele precisava de um sábio mestre para lhe mostrar as “manhas” da Jornada, ou só para dar uns tapinhas nas costas. Na verdade a  história como um todo precisava se fechar para contar “d’aonde vieram” aqueles tais poderes misteriosos — que sempre aparecem em quadrinhos/animes da forma mais esdrúxula possível.

Obviamente que esse “fechar da história” teria de vir com o Professor X: alguém sábio que explicasse e ajudasse os jovens mutantes a entender seus poderes e também a lutar contra os adultos malvados. O professor Xavier aparece na figura de Shunsuke — o irmão mais velho. Isso depois de um plot twist que me irritou, mas que é comum nas obras da Key.

No caminho...
No caminho… (dangos… dangos everywhere)

Falo isso porque o anime chegou no seu ápice com a morte da irmãzinha. O herói finalmente foi confrontado com uma dor verdadeira e havia crescido com a ajuda da linda Nao Tomori, que de certa forma esteve com ele enquanto trilhava o caminho. Mais do que um sábio mestre que ajuda o herói, a Tomori foi exatamente o que o herói de Angel Beats foi: Uma Mulher de Coração Sagrado.

Charlotte não é um anime com um herói, um sábio mestre, ou um anti-herói que fica bonzinho. Na figura da Nao (que não é um sábio mestre), Charlotte por não ser um Épico, se trata de uma obra que exemplifica o que é o Caminho e como se percorre constantemente o caminho: de forma vazia. Ajudando sem esperar nada em troca.

O Caminho é o que nos Transforma

Os momentos de Charlotte
Os momentos de Charlotte

Tivemos ápices em Charlotte. O primeiro deles foi a morte do ente querido e a superação desta dor — quando herói deixa de ser um “herói” e de usar os poderes em benefício próprio, para se tornar uma pessoa que trilha o caminho. Para mim, o melhor momento que até segurei as lágrimas, foi quando a cantora do Zhiend (que tem uma voz belíssima), acalmou as dores mentais do irmão da Nao. Ali o sentido do anime e ele como tal se fechou — mas não como história.

Para isso Charlotte voltou para à Cultura Pop — e caímos na ideia do cometa, a explicação dos poderes, no Professor Xavier… no Elfen Lied de vários adolescentes passando por experiências científicas… enfim. O anime precisava se fechar não apenas em Sentido, mas também como História. Ele precisava das razões para sustentar seu Enredo e Direção, que é um misto de “Cultura Pop” com “Trilhar o Caminho“.

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Referências à Cultura pop e à própria Key são propositais em Charlotte

Mas a verdade é que mesmo com o plot twist de volta no tempo, nosso bom amigo Otosaka já havia crescido como pessoa e deixado de ser um personagem de shonen. Com a ajuda da Nao (e não do seu Obi Wan) ele havia transcendido sua jornada e começado a dar os passos para se tornar uma pessoa de coração sagrado, que ajuda os outros sem esperar que seu orgulho seja recompensado.

No último episódio em que finalmente contou com uma direção e um roteiro primorosos, deixando de lado a ideia esdrúxula de “zombar” da cultura pop, porque fala só do caminho, vimos uma pessoa que ajuda por desprendimento. Que faz aquilo que deve ser feito, porque quer voltar para casa, e encontrar aqueles que ama, nem que para isso se tenha de doar sua vida por completo.

Voltando...
Voltando…

Essa doação e essa lembrança, “De voltar para Casa”, que muito parece o fechar de um épico, mas não o é, foi o norte e o fechar da vida de Otasaka: Nos braços de quem se ama.

Conclusão – O caminhar é constante

A Tomori é um trago genial
A Tomori é o traço genial de Charlotte

Eu me pergunto: Por que Charlotte tinha de falar de Cultura pop? Por que ele tinha de mostrar coisas de tantas obras, “zombando”… enquanto mostrava de forma fiel até como os médiuns se comunicam com espíritos? Ainda assim, o anime tem uma faceta ateia do Jun Maeda, coisa que só havia aparecido em Planetarian. Isso acontece quando a Misa (espírito) diz:

“Talvez eu seja somente como um balão amarrada à vida de minha irmã, e talvez eu deixe de existir assim que me desamarrar dela; estou preparada para isso”

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Mediunidade e adeus

E ao mesmo tempo vimos uma personagem “coringa” que foi a Nao Tomori. Chega de UGUUs e GAOs, meninas Dandares boazinhas e kawaais desu. Vimos uma mulher dura como a vida que lhe moldou. Um irmão doente. Sem família. E que sabe ser moe para conseguir o que quer ou ser Batman quando é preciso ser. A Tomori é a melhor coisa de Charlotte, porque ela não é o Obi Wan, um “sábio mestre”. A Nao é simplesmente uma pessoa de coração sagrado.

Uma pessoa que já trilhou o caminho e agora não se importa em caminhar junto daqueles que estão começando os seus passos. Mesmo sem amar, ou amando o Otasaka, refazer o caminho com ele é coisa diária para a Nao. E o Otasaka… Ele simplesmente cresceu como pessoa ao lado desta “nova” Nagisa. Era destino que ele crescesse. Há coisas na vida que não se explicam. Se aceitam, porque são destino.

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Há coisas na vida maiores do que nós mesmos. Como disse a cantora do Zhiend… Kami-sama nos observando? Diante delas você não pode ser um Leleuch que vai mudar o mundo com uma mentira. Bom… poder até pode.

Mas talvez seja melhor se esvaziar de seus orgulhos, e trilhar o caminho para ajudar aqueles que precisam de você e aqueles que se ama com o que você pode fazer. Trilhando o caminho e nele se tornando de coração sagrado. Se doando sem esperar nada em troca, como Otasaka fez.

...para casa.
…para casa.

No fim, eu acho que mesmo sem memória ele ficou feliz ao lado de quem mais ama. E ela também ao lado dele.

charlotte wall

ps: Sim… sou Teísta.

Galeria de Extras

Fontes: MAL [Link]/ Página do Afontegeek – Review episódio por episódio [Link]/O que são Games Visual Novel? [Link]/ Angel Beats: Review [Link]/ O que são Épicos? [Link]/ O que são animes Shonen, Shoujo e Seinen? [Link]/ Top Desenhos de Comédia [Link]/ Top Desenhos Antigos [Link]/ Code Geass – Review [Link]/ O Batman na Cultura Pop [Link]/ Top Gatinhas Moe [Link]

4 comentários em “Charlotte – Crítica: O Caminho para Se Tornar uma Pessoa Melhor”

  1. Finalmente alguém que aprecia a arte que a Key/Visual Art’s proporciona. ❤
    Obrigado por este review. Já tem anos que eu quero fazer um vídeo só sobre os animes da Key no meu canal. Mas ou eu faço um vídeo de 1 hora, ou eu vou ter que fazer anime por anime. xD
    Mas é bom saber que existem outros otakus entusiastas das obras do Jun Maeda. ❤

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    1. Valeu irmão! N tem oq, dizer as obras do Jun Maeda, da Key/ visual arts são todas obras primas do drama. É uma pena que a maioria do ocidente ainda não as conheça. Mas no Japão é notóri a influência deles em todos os animes, visual novel e mangás, pós Maeda/ Key. Abraço irmão, se fizer video colo lá pra ver.

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